Não bastasse o imbróglio do PMDB, Dilma lida com as ambições dos governadores do Nordeste, região que cumpriu papel estratégico na sua eleição. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que também preside o PSB, saiu na frente e tomou do PMDB o Ministério da Integração Nacional, que deverá ser ocupado pelo ex-prefeito de Petrolina Fernando Bezerra Coelho. O PSB quer fazer do senador Antônio Carlos Valadares o ministro do Turismo. No tabuleiro de forças político, isso abriria uma vaga para seu suplente no Senado, o presidente do PT, José Eduardo Dutra. O avanço dos socialistas despertou ciumeira nos governadores petistas Jaques Wagner, da Bahia, e Marcelo Déda, de Sergipe.
Eles indicaram para cargos no governo federal a atual secretária da Casa Civil da Bahia, Eva Maria Cella Dal Chiavon, e o ex-governador e senador eleito pelo Piauí Wellington Dias. Os nordestinos, porém, se mantêm prudentes: “Vamos deixar a presidente Dilma muito à vontade, não haverá pressão”, diz Dias.
Outra frente de atrito é o próprio PT. Detentor da maior fatia no Ministério, o partido ainda faz pressão por vários nomes, principalmente de políticos que perderam as eleições. A ala paulista já tem o senador Aloizio Mercadante, em fim de mandato, como futuro ministro da Ciência e Tecnologia. E reage diante da permanência de Fernando Haddad à frente do Ministério da Educação. O PT também não vê com bons olhos a confirmação de Nelson Jobim no Ministério da Defesa. Considera que Jobim, apesar de filiado ao PMDB, é quase um tucano.
No Planalto, explica-se que Jobim foi o único civil capaz de pacificar os comandos militares e pôr em marcha a nova estratégia de Defesa. Mas o que não falta nesses dias de montagem dos ministérios é choro e ranger de dentes da base aliada, mesmo porque não há lugar para todos. Até que o novo governo não esteja totalmente definido, Dilma terá um longo e árduo trabalho pela frente.
Fonte: Isto é
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