O humorista e deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o Tiririca, afirmou que foi acusado de apresentar declarações falsas sobre sua alfabetização e bens à Justiça Eleitoral porque foi “a bola da vez” das eleições. O desabafo foi feito no interrogatório realizado em 11 de novembro pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo Aloísio Silveira, ao qual a Folha teve acesso. Na ocasião, Tiririca contou que aprendeu a ler e escrever em um circo e “inclusive fazia a lição de casa”.
O depoimento foi dado na audiência da ação penal iniciada pelo promotor eleitoral Maurício Lopes, que acusou Tiririca de cometer o crime de falsidade ideológica. Na audiência, que durou cerca de 12 horas, Tiririca foi indagado sobre as alegações do promotor. Após negá-las, afirmou: “eu tenho na minha cabeça que essas acusações vêm pelo que aconteceu na votação nas eleições de 2010 para deputado federal”.
“Acho que como eu estava indo bem, isso saiu nas pesquisas, dizendo que eu ia ter bastante voto. O Tiririca era então a bola da vez, só se falando nesse fato”, disse.
Em seguida no interrogatório, o juiz questionou Tiririca sobre sua alfabetização. “Sei ler e escrever, sim. Não sou nenhum professor, mas o pouco que estudei foi o suficiente para entender o que eu leio, e escrever com um pouco de dificuldade”, declarou.
Tiririca relatou que teve aulas de português e matemática dos 8 aos 12 anos de idade no circo em que atuava. “Durante esse período tive aula com as professoras, sendo que inclusive fazia a lição de casa.” O deputado ressaltou no interrogatório que sua alfabetização permitia entender mensagens escritas presentes no cotidiano dele. “O dono do circo elaborava essa programação do horário e deixava fixado atrás da cortina. Não pedia a ajuda para ninguém para entender quais os horários em que eu teria que atuar”, declarou.
O juiz também questionou Tiririca sobre a acusação de que ele teria apresentado uma declaração falsa sobre a inexistência de bens registrados em seu nome. O humorista disse ao magistrado que não se valia de um “laranja” para ocultar a propriedade de bens e que a declaração entregue à Justiça Eleitoral é verdadeira. No final da audiência, mesmo após Tiririca ter passado por um teste de ditado e leitura, o juiz pediu que ele escrevesse mais algumas frases, de livre escolha. O humorista pegou papel e caneta e escreveu: “Não sou analfabeto”.
Fonte: Folha de São Paulo
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