Na madrugada de 8 de dezembro de 1980, o mundo foi surpreendido com a notícia da morte de John Lennon, em Nova York. Ele fora baleado por volta das 23 horas, por um fã fanático e desequilibrado.

O ex-Beatle e a mulher, Yoko Ono, voltavam de uma sessão de gravações do segundo disco da nova fase do cantor, no estúdio Record Plant. Quando o casal já estava na frente do edifício Dakota, em Manhattan, onde morava, Lennon foi abordado por um desconhecido, Mark David Chapman, de 25 anos, que disparou contra ele cinco tiros de um revólver calibre 38. Acertou quatro. John morreu logo após chegar ao hospital. Chapman foi preso no mesmo dia e mantido isolado pela polícia, que temia que fãs de Lennon o matassem.

O crime chocou e comoveu todo o mundo. John Lennon acabara de completar 40 anos e vivia, na época, distante das badalações e da mídia. Dedicava-se ao ocultismo e à alimentação macrobiótica. Mas, depois de cinco anos de silêncio, ensaiava a retomada de sua carreira com o disco Double Fantasy, no qual cantava suas esperanças.

No Brasil, a notícia da morte de John Lennon foi recebida com profunda tristeza. As emissoras de rádio tocaram suas músicas durante todo o dia. Completamente abatida, a cantora Elis Regina, em entrevista ao Estado, disse sentir a “certeza de que o mundo está acabando” e que “fica muito difícil de se entender que o sonho acabou mesmo”. Para Gilberto Gil, “Lennon foi um dos maiores criadores do século, o cérebro de uma coisa muito importante chamada Beatles. Falar sobre ele e sua importância para a música mundial é falar sobre o óbvio”, declarou com tristeza à reportagem.

Apesar de os Beatles estarem separados há cerca de 10 anos, todos os integrantes do grupo interromperam suas atividades para prestar homenagens ao colega. George Harrison suspendeu uma gravação. Ringo Star viajou imediatamente para Nova York. Paul MacCartney entrou em contato com Yoko Ono oferecendo solidariedade.

Imprensa. O jornal inglês de Liverpool, cidade dos Beatles, The Post and Echo, circulou coma edição especial dedicada ao artista. O vespertino New Standart, de Londres, dedicara as três primeiras páginas à morte de Lennon, comentando em editorial que “o assassinato sem sentido de John Lennon revela uma característica cada vez mais marcante de Nova York e dos Estados Unidos em geral, onde a liberdade de se carregar armas faz com surjam monstros”.

Os japoneses reagiram com ódio, segundo informações recebidas pelo Estado de agências internacionais. O diretor da rádio Bunka Hoso, de Tóquio, desabafou no ar “Eu estou com ódio. John pertencia a todos nós, seus fãs. Estou tentando controlar-me para não chorar”.

Um ano depois o assassino de Lennon,  Chapman foi condenado à prisão perpétua. Em 1992, explicou, em uma entrevista para a televisão, que matara John Lennon “para se apropriar um pouco de sua celebridade”, que “não matou uma pessoa real, mas sim uma imagem”.

Lennon foi a alma dos Beatles, grupo que criou, em 1960, junto com Harrison, Paul McCartney e, mais tarde, Ringo Star.

 

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