Quem entende um pouco de política sabe que as decisões importantes neste campo só acontecem no último minuto. Mas a maior parte das discussões (as estratégicas, por exemplo) acontece anos antes. Dilma Rousseff nem tomou posse, mas os nomes de Aécio Neves e Eduardo Campos já aparecem como pré-candidatos à Presidência. Interessante é a relação entre os dois, que integram partidos com posições distintas – ou nem tanto assim –, mas possuem estilos e até frases semelhantes: “precisamos de uma agenda para o País”, dizem ambos. Além disso, são amigos e fazem questão de divulgar isso.

Já se fala que o PSB e o PSDB podem caminhar juntos em 2014. É uma possibilidade. Sabe-se que a relação de Eduardo nunca foi com o PT. Todos os assuntos eram tratados diretamente com Lula, muitas vezes contrariando o partido do ainda presidente da República. Se Dilma não conseguir cativar o PSB pode vê-lo sair da base de sustentação em breve. Não precisa de muito. Basta adiar ou cortar orçamento nos estados liderados por socialistas.

Quem acompanha política sabe que Aécio e Eduardo comungam de ideias semelhantes. São da mesma geração, netos de grandes políticos e possuem boas avaliações de suas administrações. Precisam manter o êxito e consequentemente mídia por mais quatro anos. Para tal, o socialista deverá preocupar-se um pouco mais com as atribuições partidárias, ocupando mais lacunas no cenário nacional.

Aécio propõe a refundação do partido e os tucanos (se forem espertos) devem delegar a ele a tarefa de assumir essa função. O mineiro já teria o aval do atual presidente, Sérgio Guerra, também amigo de Eduardo. Nessa reformulação, um dos objetivos é afastar o PSDB do DEM. Apesar da lealdade dos democratas aos tucanos, este partido, mesmo com a mudança de cor, nome e legenda, não obteve sucesso na ampliação do número de eleitores, apesar de manter uma parcela significativa.

Com base na última eleição, acho que no caso de um embate (que ainda se mostra improvável) entre Aécio e Eduardo, o pernambucano se sairia melhor. Sem bairrismos. Digo isso porque a eleição presidencial de 2010 trouxe temas como aborto e religião, que tomaram grandes proporções e mostraram o conservadorismo de boa parte do eleitorado. Sendo assim, cabe uma análise do histórico de cada um. Não vou me ater a isso. Contudo, em alguns momentos Aécio se parece com um certo senhor de Alagoas e “gato escaldado tem medo de água fria”.

Admito que a análise é precoce (muito) e que não podemos reduzir a discussão sobre Eduardo e Aécio a alguns predicados e substantivos. No entanto, em uma disputa eleitoral vale relembrar Jean-Paul Sartre em texto da peça “As Mãos Sujas”. “Aquele que se envolve numa atividade política terá por força que sujar as mãos, de lama, mas também de sangue”. E sobre os prováveis candidatos, vale uma das ácidas citações do Cardeal Mazarin: “Um homem astucioso se reconhece com frequência por sua doçura afetada, por seu nariz adunco e seu olhar penetrante”.

Fonte: Pautaria

 

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