A um dia da posse da presidente eleita Dilma Rousseff, o PMDB é minado pelo PT e pode perder o comando de fundações e estatais que há vários governos compõem sua cota de poder. Na iminência de ter de entregar ao novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o posto mais estratégico da pasta – a Secretaria de Atenção à Saúde –, o partido acusa o PT de querer “aparelhar” o ministério subtraído dos peemedebistas na montagem do primeiro escalão.

A expectativa da cúpula do PMDB era precisamente o oposto. Quando desistiu de negociar o ministério para estancar o desgaste político e de imagem, o comando do PMDB contava compensar o quinhão perdido na partilha dos postos do segundo escalão. Mas a disputa pela Esplanada infiltrou-se nas instâncias menores. Na Saúde, os peemedebistas também esperavam manter a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), também cobiçada por petistas.

O PMDB chegou a desdenhar do posto de ministro da Saúde, julgando que manteria Alberto Beltrame na Secretaria de Atenção à Saúde – o setor que define regras e valores das tabelas dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Estados e municípios.

Beltrame, indicado pelo PMDB gaúcho, caiu nas graças de toda a cúpula partidária porque “atende bem ao partido”, mas o ministro Padilha quer substituí-lo por Helvécio Magalhães, do PT de Minas, apadrinhado do novo ministro de Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

O PMDB protesta, alegando ter sido avisado de que as definições do segundo escalão só ocorreriam entre janeiro e fevereiro. Assim, estaria “disciplinado, aguardando”. Diante da movimentação do PT, a insatisfação evoluiu. “Querem tirar nosso oxigênio na política”, afirma um peemedebista, para quem “oxigênio” é sinônimo de verbas orçamentárias e cargos.

 

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