Dilma Rousseff ganhou a Presidência e assumiu embalada no maior crescimento econômico em um quarto de década. Chegou sua hora de pagar a conta.

Neste início de 2011, parte importante dos indicadores macroeconômicos do país estão em deterioração.

A inflação sobe, o dólar retomou trajetória de queda, as contas externas pioraram e a economia para pagar a dívida pública diminuiu.

Ainda em janeiro, no dia 19, o Banco Central poderá se ver obrigado a aumentar os juros para conter a inflação.

Isso pode ter novos impactos negativos sobre a dívida pública (que aumenta com juros maiores) e sobre o dólar (que se desvaloriza quando mais moeda entra no país atrás do juro pago pelo BC, hoje em 10,75% ao ano).

Mas a prioridade do Banco Central é com a inflação.

Em 2010, até novembro, o IPCA (índice oficial de preços) subiu 5,25%. Ele deve fechar o ano passado perto do teto da meta do BC (6,5%).

Já o IGP-M, que reajusta a maioria dos contratos de financiamentos imobiliários e de bens, assim como de aluguéis, subiu 10,56%.

Na virada do ano, Lula assinou medida provisória fixando o salário mínimo em R$ 540 a partir de 1º de janeiro.

O reajuste foi de 5,88%. Pela primeira vez desde 2003, o mínimo corre o risco de ficar sem aumento real. Com isso, seu impacto direto sobre as contas (e o deficit) da Previdência será menor.

No início de dezembro, o BC também retirou R$ 61 bilhões da economia elevando os depósitos compulsórios que impõe aos bancos.

Isso já fez subir os juros para os consumidores e reduziu prazos de financiamentos para bens e veículos.

As duas medidas foram as primeiras na transição Lula-Dilma para tentar conter a aceleração da inflação e o aumento dos gastos públicos.

O descontrole nas despesas do governo (o gasto da União cresceu quase 25% entre janeiro e novembro em relação a 2009) está na raiz de muitos dos atuais indicadores negativos.

A deterioração se deu para que a economia pudesse ter o forte desempenho no ano eleitoral de 2010, com o PIB (Produto Interno Bruto) crescendo cerca de 7,5%.

Na média, segundo o boletim Focus do BC, o mercado espera um PIB bem menor em 2011, ao redor de 4,5%. Mas várias consultorias já revisam projeções para baixo.

A expectativa é de uma economia mais fria por conta de gastos públicos crescendo menos e do BC subindo o juro básico para conter a inflação.

A tarefa de Dilma de conter o ritmo do crescimento da despesa estatal, porém, é um desafio considerável.

Em 2010, a economia efetiva (sem malabarismos contábeis) que o governo fez para pagar a dívida pública foi a menor dos anos Lula.

Dilma promete economizar bem mais para reverter a deterioração dos vários indicadores. Mas o espaço de manobra ficou pequeno por conta dos gastos crescentes.

Só cerca 8% do gasto não financeiro da União (excluindo juros da dívida pública) são passíveis de corte caso o governo não queira reduzir ainda mais os investimentos em infraestrutura (que hoje somam menos de 1% do PIB).

Com a atividade econômica bastante mais fraca 2011, o governo também terá receitas em impostos menores para pagar suas despesas correntes e obrigatórias.

Se a conta de juros também tiver de subir, 2011 trará um novo começo bastante difícil ao país e para Dilma.

Fonte: Folha de São Paulo

 

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