Não faço previsões anuais. Mas preciso de um plano de trabalho,logo tenho de analisar os dados para concentrar a atenção. Os dados da Venezuela indicam que será um ano quente por lá. Chavez conseguiu a Lei Habilitante e poderá tomar decisões sem consultar o Congresso, que , a partir do dia 5 de janeiro, terá 40 por cento de opositores.Chavez , que ganhou respeito por assumir a resposta aos desastres naturais em seu país, usa as chuvas para aprofundar o chamado socialismo do Século XXI. A oposição acha que é preciso ocupar as ruas para defender a legalidade constitucional, ameaçada por uma enxurrada de leis destinadas a fortalecer Chavez.
O desfecho disso tudo, em condições normais, só se dará em 2012, com as eleições. Mas antes do desfecho muita coisa pode acontecer. O que se passa na Venezuela vai influenciar Bolívia, Equador, e , até certo ponto, a Argentina. Mas destinos entrelaçados no momento ,são os de Cuba e Venezuela. Uma gripe em Caracas pode ser uma pneumonia em Havana.
A economia retrocedeu na Venezuela e a inflação é a maior do continente,27 por cento. Cuba, por sua vez, é apontado nos vazamentos do Wikileaks, como um país que só aguenta mais três anos, com esse regime. Caracas financia Havana que responde de muitas maneiras: quadros, montagem da inteligência, e, nos últimos dias, até exportaçao de cimento.
Chavez nacionalizou as fábricas de cimento , a produçãoi caiu e se viu agora diante de 130 mil desabrigados e uma enorme necessidade de construir novas casas. Havana respondeu com a rápida exportação . Vale a pena ,portanto, acompanhar o eixo Caracas-Havana nos próximos meses.
Nenhuma garantia de que algo vai acontecer. Apenas uma das muitas apostas de repórter.
Fonte: Fernando Gabeira
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