A três semanas da escolha do presidente da Câmara, o governo resolveu o que parecia complicado e encrencou-se no que deveria ser simples.

Depois de se acertar com PSDB e DEM, tidos por oposicionistas, PT e PMDB suam o paletó para pacificar legendas supostamente “aliadas”.

O candidato preferencial do Planalto é o petista Marco Maia. Porém, outros três pretendentes mantêm seus nomes no pano verde.

O nome mais vistoso é o de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Na rabeira, vêm Sandro Mabel (PR-GO) e Júlio Delgado (PSB-MG). São cartas que, mantidas no baralho, convertem a disputa numa espécie de pôquer do governo contra si mesmo.

A eleição será em fevereiro. O Planalto sonhava com um candidato único. E convive com o risco de assistir a uma guerra doméstica.

Tomados individualmente, Aldo, Mabel e Delgado não dispõem de votos para prevalecer sobre Maia no plenário da Câmara. Porém, se voluírem do blefe para a formalização de suas candidaturas, podem empurrar a disputa para um imponderável segundo turno.

PT e PMDB estão juntos por contrato. Celebraram um acordo que prevê a divisão do comando da Câmara. Dois anos para cada um.

Primeiro, o petista Marco Maia (2011-2012). Depois dele, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (2013-2014).
Tucanos e ‘demos’ renderam-se ao acerto sob o argumento de que respeitarão o critério da proporcionalidade.

Por esse critério, as cadeiras da Mesa diretora e das comissões da Câmara serão rateadas entre os partidos segundo o tamanho da bancada de cada um.

Henrique Alves foi a Marco Maia para expressar preocupação. Aconselhou-o a movimentar a infantaria. Em diálogos privados, o líder do PMDB estranha: “Se a oposição topa, porque a base [do governo] decide questionar? É muito estranho”.

Empurrado pelo petismo, o Planalto aciona os ministros do PCdoB, PR e PSB. Quer que convençam Aldo, Mabel e Delgado a sossegar. Por ora, entre o motim e a composição, a tróica finge-se de morta. São mortos vivos, muito vivos, vivíssimos.

Sandro Mabel, por exemplo, percorre os gabinetes com um discurso de timbre ideológico. Refere-se à origem sindical de Marco Maia como um fantasma.

Dono da fábrica de biscoitos Mabel, o líder do PR diz que, eleito, o petista Maia não hesitará em levar a voto projetos do interesse das centrais sindicais.

Como exemplo, menciona a proposta que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais e mantém intactos os contracheques.

Curiosamente, o presidente do partido de Mabel, Alfredo Nascimento, controla no governo Dilma uma das mais vistosas pastas da Esplanada: a dos Transportes.

Por enquanto, nenhuma legenda governista veio à boca do palco para declarar apoio a Marco Maia. A exceção é o PMDB:

“Para nós é questão de honra”, diz Henrique Alves. “O Michel [Temer] assinou um documento. Esse é um assunto liquidado no PMDB”.

Fonte: Josias de Souza

 

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