No primeiro dia de campanha à presidência da Câmara, o ex-líder do PR Sandro Mabel (GO) prometeu gabinete novo para deputado, disse que não será “Severino” e intensificou ontem o corpo a corpo com os parlamentares, sendo recebido pelas bancadas do PSDB e do PSC. Mesmo sob ameaça de expulsão do partido, que declarou apoio ao petista Marco Maia (RS), Mabel não emite sinais de que possa desistir da candidatura.
Fonte: Agência Estado
A determinação de Mabel de seguir adiante com o projeto elevou a temperatura da Câmara. Embora Marco Maia conte com o apoio formal das dez maiores bancadas, incluindo a oposição, de governadores e do Palácio do Planalto, a candidatura de Mabel representa uma ameaça. “Ele é querido no PR e entre outros deputados. Ele é um complicador”, admitiu um parlamentar ligado à cúpula do PR ao Estado.

A pedido de seu conterrâneo, João Campos (PSDB-GO), Mabel foi recebido ontem pela bancada tucana, que se reunira para eleger o novo líder. A visita gerou certo constrangimento, já que o PSDB formalizou apoio a Maia. Avisado, o petista logo se dirigiu ao plenário, a fim de discursar após o adversário. Na entrada, ambos se esbarraram e abraçaram-se efusivamente. “Toca a ficha”, cochichou o petista no ouvido do adversário.

O goiano repudiou as comparações de sua candidatura à de Severino Cavalcanti (PP-PE), hoje prefeito da cidade pernambucana de João Alfredo, que em 2005 surpreendeu o governo ao derrotar o candidato do PT, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. “Sou um administrador de empresas preparado, falo inglês, espanhol, administro um orçamento de mais de R$ 1 bilhão da empresa da minha família”, afirmou, referindo-se à fábrica de biscoitos Mabel, com sede em Goiás.

Mabel se lançou com os slogans “O sonho vence a imposição” e “A desvalorização de sempre do Legislativo ou uma Câmara forte que mostre o seu valor?”. Ele abordou temas sensíveis aos deputados: prometeu trabalhar para que as emendas parlamentares aprovadas no Orçamento sejam “empenhadas na íntegra”, sem contingenciamento do governo, iniciar a construção do anexo V da Casa, a fim de propiciar gabinetes amplos aos deputados e pautar as reformas política e tributária (da qual foi relator durante a Legislatura que se encerra no dia 31).

Pressão. A movimentação de Mabel incomodou as lideranças do PR. O presidente nacional da legenda e ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, não descarta a expulsão do deputado da sigla. Antes, Nascimento convocará para hoje ou amanhã uma reunião da Executiva Nacional, a fim de discutir o assunto e dar ao parlamentar dissidente a chance de se explicar. A cúpula deflagrou forte pressão para que Mabel retire a candidatura até o dia da eleição, em 1.º de fevereiro.

 

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