Ontem os deputados Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, e Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), se reuniram com os líderes do PSDB e DEM. As centrais querem o apoio do PSDB, DEM e PPS para fazerem, sem apoio formal das lideranças do PDT e PV, emendas e destaques ao projeto do governo que ainda vai chegar. ACM Neto (DEM-BA) e Duarte Nogueira (PSDB-SP), que defendem valores um pouco diferentes dos sindicalistas, se comprometeram a conversar e a se unirem a eles, porque, afinal, todos querem um salário mínimo maior do que o proposto por Dilma Rousseff e sua equipe econômica.

Nas contas de Paulinho, todos os colegas do PDT vão assinar emenda por um mínimo de R$ 580. Nas de Santiago, que vai propor emenda de R$ 560, é possível colher as 103 assinaturas necessárias para propor a alteração. Ambos concordam que, pelo menos, é possível dificultar a vida dos governistas fiéis a Dilma.

“O governo vai abrir negociação”, acredita Santiago. Na segunda-feira, ele vai propor uma emenda de R$ 560, equivalente a aumento de 3% acima da inflação. Santiago quer que esse percentual seja descontado do reajuste que será concedido em 2012. Para o ano que vem, a previsão é que o aumento do salário mínimo seja de 12% a 14%, sem considerar a inflação.

Dificuldade sim, derrota não

O líder do DEM, ACM Neto, diz que a bancada tem a tendência de propor uma emenda para o salário ser de R$ 565. Ele acredita que o corte orçamentário e nas emendas dos deputados vai piorar a tramitação do mínimo na Casa. “É impossível que não haja uma reação, principalmente na base. É bom pra gente”, afirmou Neto.

O deputado não acredita, porém, que a mudança de humor dos parlamentares possa decretar uma derrota ao governo, tendo em vista a ampla maioria da base aliada na Câmara. ACM Neto acredita num clima de insatisfação futura. “Lá na frente vem o troco”, avaliou.

O PSDB de Duarte Nogueira fechou questão e vai defender os R$ 600 até o fim. Mas ele não descarta se unir às centrais para conseguir algum valor maior que o proposto pelo Executivo. “Vamos somar esforços na direção de um aumento mais razoável”, disse Nogueira.

“Sensibilidade”

Ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o deputado Vicentinho (PT-SP) diz que vai votar com o governo o mínimo definido, que os cortes são necessários e que não influenciarão nas votações. Mas não esconde a tristeza com a tesoura nas emendas. “Acho que o governo deveria ter sensibilidade”, afirmou ele. Vicentinho esperava cortes, mas não nas emendas.

O líder do PT, Paulo Teixeira (SP), diz que não haverá nenhuma influência dos cortes na votação do mínimo. “A bancada vai votar unida”, repete, encerrando o assunto. Teixeira disse a Vicentinho ter certeza de que a bancada está firme na votação com o governo.

Ontem, o líder do PMDB, Henrique Alves (RN), repetiu o discurso que o partido está unido com o governo apesar dos cortes orçamentários.
A mesma opinião foi expressa pelo líder do bloco liderado pelo PR, Lincoln Portela (MG). Ele disse que a maior parte da bancada de 62 deputados vai votar com o governo. “Quem é base tem que ver a responsabilidade de ser base”, analisou Portela, depois de almoçar com a bancada do PR. Ele indica que pode haver uma negociação ainda. “O governo fechou R$ 545, mas continua fazendo contas.”

Fonte: Congresso em Foco

 

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