A votação do salário mínimo comprovou na prática o já conhecido em tese. Dilma Rousseff começa seu mandato com mais poder real sobre os congressistas do que os seus dois antecessores imediatos, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

O tucano FHC estava no auge ao tomar posse, em 1995. Surfava na onda do Plano Real. No dia 19 de abril daquele ano, a Câmara votou um projeto de lei elevando de R$ 70 para R$ 100 o salário mínimo. Era um ganho inédito de 42,9%. O Planalto venceu na única votação nominal naquela data com o apoio de 339 deputados -o PT e a oposição queriam uma correção diferente no valor das aposentadorias.

Oito anos depois, o petista Lula aumentou o salário mínimo de R$ 200 para R$ 240. Ou seja, uma correção de 20%. Tucanos defendiam R$ 252. Perderam. O Planalto ganhou na Câmara, em 28 de maio de 2003, com 278 votos a favor. Nesta semana, como se sabe, Dilma Rousseff obteve 361 votos e barrou a proposta da oposição de elevar o salário mínimo a R$ 560. O valor ficou em R$ 545, como desejavam a presidente e sua equipe.

Em percentuais, Dilma começa sua vida de presidente com 30% mais apoio do que Lula e 6% a mais que FHC -na Câmara. Pode-se argumentar que esse apoio é relativo, pois trata-se só do início do mandato. Ou que os partidos aliados vão agora cobrar a fatura na forma de cargos e emendas ao Orçamento. E que tudo depende de como estará a economia nos próximos meses.

É verdade. Mas também é inegável a existência de uma taxa de conforto muito maior para Dilma do que a desfrutada por seus dois antecessores. Resta saber o uso que a presidente fará de todo esse poder.

Fonte: Jornal Folha de S.Paulo

 

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