Amanhã a Rede Globo transmite a entrega do Oscar 2011 e no Brasil as vistas se dão para o Documentário.
“É muito gratificante e maravilhoso tudo o que está acontecendo”, comentou Tião em entrevista concedida à Agência Efe no hotel Mondrian, na Sunset Boulevard. “Isto é muito maior do que tinha pensado, todo o mundo parece famoso. Mas é uma coisa que vai passar, terminará, e tenho que ter os pés no chão e não perder o contato com a realidade”, explicou. O líder do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) se transformou nas últimas semanas no grande estandarte brasileiro pela defesa dos direitos a um trabalho e a condições de vida dignas para os que, assim como ele, cresceram aproveitando o que outros jogam fora.
Sua história como catador de lixo desde os 11 anos de idade em Jardim Gramacho, um dos maiores lixões do mundo, foi relatada no filme “Lixo Extraordinário”, produção britânica e brasileira que conquistou um lugar entre os candidatos a melhor documentário.Desde que a indicação foi divulgada, em 25 de janeiro, Tião deixou para trás o anonimato para saltar às páginas dos jornais e aos programas das emissoras de TV brasileiras, uma mudança que tenta assimilar e aproveitar pelo bem dos seus.
“Eu não sou um ator. Estou aqui por um documentário que contou a vida real e para dar notoriedade ao nosso coletivo”, indicou Tião, que, se puder, não deixará passar a ocasião de falar às grandes estrelas do cinema mundial sobre o que podem fazer pelos trabalhadores dos lixões no Brasil.Tião passeará pelo tapete vermelho vestido com um fraque criado com exclusividade pelo estilista brasileiro Pedro Cardoso e terá a companhia de seu representante, Jackie de Botton, que usará um traje de Marta Macedo produzido com materiais coletados em Jardim Gramacho.
“Lixo Extraordinário” concorrerá pela estatueta com “Exit Through the Gift Shop”, “Gasland”, “Restrepo” e “Inside Job”, o documentário que parte como favorito, embora Tião não perca a esperança: “Sou otimista”. Segundo Tião, o primeiro efeito da repercussão do filme já está sendo observado no Brasil, onde as pessoas estão deixando de tratar os trabalhadores dos aterros sanitários como “lixo”.”Agora há respeito”, afirmou, antes de apontar que ainda resta muito a ser feito.
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