Se aparecessem juntos em qualquer esquina do Primeiro Mundo, Paulo Maluf, Valdemar Costa Neto,  José Guimarães, Newton Cardoso, Almeida Lima e Eduardo Azeredo dificilmente escapariam de um processo por formação de quadrilha ou bando.

Se aparecessem juntos em qualquer esquina do centro das principais metrópoles brasileiras, nenhum gaiato resistiria à tentação de gritar “Olha o rapa!” para a turma que agrupa um subcomandante da quadrilha do mensalão, o irmão de José Genoíno cujo assessor foi capturado com dólares na cueca, um ex-governador recordista em casos de polícia, um oficial da tropa de jagunços de Renan Calheiros e um dos fundadores do mensalão mineiro.

Em Brasília, os seis aparecem juntos com bastante frequência, sem nenhum risco de ouvir uma voz de prisão ou o berro que faria o grupo debandar em desabalada carreira. Eles fazem parte da comissão de 41 deputados incumbida de formular propostas para a reforma do sistema político. Ao lado de outros prontuários e fichas sujas, vão discutir, por exemplo, o financiamento de campanhas eleitorais. Não há perigo de melhorar.

Nenhum dos parlamentares da oposição viu nada demais. Recolheram-se ao mesmo silêncio estrepitoso que se seguiu à escolha do mensaleiro João Paulo Cunha para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Ninguém ousou lembrar que, na montagem de comissões do gênero em qualquer país civilizado, caráter é critério. Todos fizeram de conta que a ética foi banida do território brasileiro e que não existe um Código Penal. Ninguém se atreveu a desfraldar a bandeira da moralidade.

Nelson Rodrigues morreu acreditando que, se todo mundo se conhecesse intimamente, ninguém cumprimentaria ninguém. Hoje está claro que a ótima frase não vale para o Congresso. Os deputados e senadores convivem tão fraternalmente porque todos conhecem a intimidade de cada um.

Fonte: Veja

 

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