Embora tenha que ceder às inúmeras exigências da Fifa para que o Brasil possa abrigar a Copa-2014, o governo federal tenta abrir uma brecha para flexibilizar o monopólio da organização sobre os direitos de transmissão das imagens do Mundial.
A Folha teve acesso ao texto do Ministério do Esporte para uma medida provisória que regula ações do Mundial, chamada Lei Geral da Copa.
O maior impasse é convencer a Fifa a aceitar um artigo que permite às emissoras de TV que não compraram os direitos de transmissão veicular 30 segundos de eventos relacionados à Copa e 3% do tempo de cada partida.
A Lei Geral da Copa será enviada ao Congresso assim que esse ponto for resolvido. Na prática, a brecha reduz a exclusividade da distribuição de imagens dos jogos e eventos ligados ao torneio.
Pela proposta, essas emissoras poderiam usar o chamado “flagrante de imagem”, cenas dos jogos destinadas a programas de exclusivo cunho jornalístico. Essa regra, segundo o texto defendido pelo governo, só valeria para empresas brasileiras.
Os lances seriam capturados e disponibilizados pela própria Fifa até duas horas depois das partidas.
A Folha apurou que o Comitê Organizador Local é contra essa flexibilização. A razão segue a lógica comercial: quem paga pelos direitos de transmissão deve ser o único dono das imagens.
A Globo, tradicional parceira da CBF, já comprou os direitos de 2014, mas ainda não negociou com outras emissoras o sublicenciamento –permissão para transmitir os jogos por meio de autorização da dona dos direitos.
A reportagem apurou que a Band deve fechar parceria, como ocorre no Brasileiro.
A proposta do governo de flexibilizar a transmissão da Copa coincide com a batalha entre Globo e Record pela exclusividade do Brasileiro.
A estratégia da Record é usar as transmissões esportivas para fazer frente ao poder da Globo. Além da disputa pelo Nacional, a emissora já comprou os direitos de Londres-2012 e monta uma tropa de choque no Congresso para ter espaço na Copa-2014.
A disposição do governo de tornar menos rígida a regra de transmissão é mais tolerante que em outras Copas.
Segundo executivos da Record, em outras edições, a empresa só podia passar os gols do evento –e em um período de 24 horas a partir do momento da entrega da fita.
A medida é comemorada pelas emissoras que não transmitirão as partidas.
Segundo a medida provisória, a liberação de imagens na Copa não será mais feita pela Globo, como ocorreu antes. A Fifa será responsável por, em até duas horas após os jogos, disponibilizar, no mínimo, seis minutos de conteúdo para que as retransmissoras possam usá-los nos limites de tempo previstos.
Fonte: Folha de São Paulo
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