Descontente com a partilha do poder, o vice-presidente da República, Michel Temer, aproveitou a festa de comemoração pelos 45 anos do PMDB, anteontem à noite, para defender a ocupação de cargos no governo por integrantes do partido. Diante de uma plateia de 300 peemedebistas, Temer foi ovacionado ao argumentar que o partido venceu as eleições e, por isso, “tem o direito” a participar do governo, sem ter a pecha de fisiologista.

“Nós participamos de uma eleição em que fomos vencedores. PT e PMDB fizeram uma aliança. Então, estamos no direito de, tendo participado de uma eleição, de ocupar os cargos”, disse. Para ilustrar seu discurso, o vice-presidente usou de ironia: “Proponho que daqui a cinco, quatro anos nós lancemos um candidato à Presidência e, se ganharmos, e quando ganharmos, dizer que, como nós não somos fisiológicos, não vamos indicar ninguém para o governo”.

Depois de se reunir ontem à tarde com a bancada do PMDB no Senado, Temer reiterou que não defendeu o lançamento de candidatura própria à sucessão da presidente Dilma Rousseff, em 2014. Explicou que “muitas vezes” ouve críticas de que o PMDB não pode participar do governo, apesar de o partido ter vencido a eleição. Temer não descartou, no entanto, que no futuro o PMDB venha a lançar candidato próprio à Presidência. Não é a primeira vez que Temer “ameaça” com candidatura própria do PMDB. Já parte do governo Lula, Temer chegou a defender candidatura própria nas eleições de 2010.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o partido pretende lançar candidaturas na maioria dos municípios nas eleições do ano que vem. É uma forma de a legenda se preparar para ter candidato próprio à Presidência. “Não quer dizer que seja na próxima eleição. Nós teremos candidato à Presidência no momento em que tivermos condições de ganhar as eleições. Não se falou especificamente em 2014, não se falou em datas”, observou.

Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), a discussão sobre sucessão presidencial é prematura. “O PMDB não é apenas um participante do governo. Ele é governo. Tem a vice-presidência da República, tem espaços importantes no Congresso. E eu acredito que, além de ser imprópria essa discussão agora, o PMDB não tem motivo para se sentir insatisfeito com o tratamento recebido da presidente”, afirmou o petista.

Fonte: O Estado de São Paulo

 

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