O iG teve acesso a um trecho da suposta carta deixada por Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, que invadiu na manhã desta quinta-feira (7) a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, e atirou nos alunos, matando dez meninas e um menino. Outros 13 estudantes ficaram feridos.
No documento, Wellington parecia estar premeditando a sua morte, pois fala em sepultamento e diz que gostaria de ser enterrado ao lado da sepultura da mãe.
“Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem usar luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderao me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter contato direto comigo nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue após me envolverem neste lençol nenhum impuro poderá ter contato direto com uma virgem sem a sua permissão os que cuidarem do meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar após me envolverem neste lençol poderão me colocar em meu caixão se possível quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme, minha mãe se chama dilcêa menezes de oliveira que está sepultada no cemitério de murundu, preciso da visita de um fiel seguidor de deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante da minha sepultura pedindo perdão de deus pelo que eu fiz rogando minha vida jesus me desperte do sono da morte para a vida”, diz o trecho.
Em outra parte do bilhete, o atirador diz ter deixado uma casa no bairro de Sepetiba, na zona oeste carioca, e que gostaria que o espaço fosse usado por instituições que protegem os animais.
“Eterna, eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço aonde eu passei meus últimos meses seja doado a uma destas instituições pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais do que proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se sustentar, os animais não podem pedir comida ou trabalharem para se alimentarem, por isso, os esqueci (sic) apropriarem da minha casa, peço por favor que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, pois cumprindo o meu pedido automaticamente os terão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar este imóvel para o meu nome e todos sabem disso, senão cumprirem o meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não têm nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi”.
Essa parte da carta traz em seu final a assinatura do próprio Wellington no final e, segundo a polícia, foi achada na mesa de uma professora.
Mais cedo, a polícia informou que uma carta deixada por Wellington apontava indicíos de que o crime foi premeditado. Apesar das pistas indicadas no bilhete, a chefe da Polícia Civil do Rio, Marta Rocha, insistiu que era cedo para fazer interpretações. “A carta e outros elementos ainda estão sendo investigados”, afirmou.
O tenente-coronel da PM, Ibis Pereira disse pela manhã que a carta tinha forte teor de fanatismo religioso e o atirador teria dito que era portador do vírus HIV e declarava que via “impureza nas crianças. Esses trechos, no entanto, não aparecem nos bilhetes a qual o iG teve acesso.
Baseado no conteúdo da carta, o porta-voz da PM disse avaliar que o suspeito deveria ter um desvio de personalidade. “Ele era um fanático religioso, um quadro de demência religiosa. Ele via nas crianças algo impuro. Só um desvio de personalidade explica um comportamento sociopata dessa natureza. Um ato de estupidez”, afirmou Pereira.
Fonte: Último Segundo
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