Dilma Rousseff completa neste domingo, 10, 100 dias no cargo de presidente da República com o feito de ter dirimido a dúvida mais mordaz lançada contra ela por seus opositores durante a campanha eleitoral do ano passado: seria Dilma, criada à imagem e semelhança de Lula, capaz de comandar o País sozinha? Para silenciar os críticos nesse quesito, a primeira mulher a ocupar a Presidência fez questão de imprimir a marca de uma governante austera e discreta.

Tais características provocaram comparações inevitáveis com seu antecessor e padrinho, um político afeito aos discursos e ao embate direto com a oposição, a mesma oposição que, para fustigá-lo e tentar enfraquecer seu mito, passou a elogiar o jeito de Dilma comandar o País. A presidente, no entanto, nunca incentivou de público esse paralelismo, ainda que na política externa e na questão dos direitos humanos tenha adotado medidas frontalmente contrárias à atuação de Lula na área.

Os afagos da oposição se restringiram à forma. No PSDB e no DEM, ganham corpo as críticas ao conteúdo: “gastança” do governo, desaceleração do PAC e ameaça de inflação. O corte de R$ 50 bilhões no Orçamento não convenceu o mercado e os opositores de que as contas públicas estão sob controle. Dúvidas de gestão à parte, resta ao fim dos 100 dias a certeza de que Dilma se impôs. Parafraseando o francês conde de Buffon (1707-1788), para quem “o estilo é o homem”, hoje “a mulher é o estilo”.

 

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