Quando Yuri Gagárin, aos 27 anos, decolou para a primeira viagem de um homem ao espaço, o futuro das missões espaciais tripuladas era incerto. Exatos 50 anos depois, a situação não está muito diferente.
A Nasa, que tem o maior orçamento para esse fim no planeta, está muito perto de ficar sem veículos próprios para mandar seus astronautas para o espaço.
A grande aposta da agência espacial americana nos últimos 30 anos, os ônibus espaciais, em breve virarão, literalmente, peça de museu. A previsão é que a frota seja aposentada ainda este ano.
A segurança dessas naves foi colocada em xeque após uma série de falhas recentes e dois acidentes fatais –com a Challenger, em 1986, e com o Columbia, em 2003, levando à morte de 14 astronautas.
Com o orçamento reduzido e dificuldades técnicas para criar sua próxima geração de naves, a Nasa vai aposentar os “shuttles” (ônibus espaciais) ainda sem ter um substituto.
No discurso oficial, a agência diz que pretende confiar o transporte dos astronautas à iniciativa privada. Isso, no entanto, ainda não tem data para sair do papel.
CARONA
Na prática, porém, os americanos ficarão totalmente dependentes da nave russa Soyuz para levar seus astronautas à ISS (Estação Espacial Internacional).
E os russos, claro, já estão se aproveitando da situação. O preço da “carona” por astronauta, inicialmente combinado em US$ 56 milhões (aproximadamente R$ 90 milhões) acaba de ser reajustado para US$ 63 milhões (R$ 100 milhões).
O administrador da Nasa, Charles Bolden, já sentiu o tamanho do problema.
“É urgente e essencial que empresas americanas assumam o controle do transporte dos astronautas ao espaço”, disse ele após ficar sabendo do reajuste.
A nave russa, aliás, é uma espécie de táxi galáctico. Foi nela que, em 2001, decolou o primeiro turista espacial, o bilionário californiano Dennis Tito, além de Marcos Pontes, o primeiro e até agora único astronauta brasileiro.
Apesar de ser o veículo espacial mais confiável atualmente em operação, a maior parte da concepção da Soyuz ainda se baseia em um projeto do fim dos anos 1960.
Com o colapso da União Soviética em 1991, o orçamento e o grau de prioridade do programa espacial foram reduzidos substancialmente.
O primeiro-ministro do país, Vladimir Putin, aproveitou as comemorações dos 50 anos do voo para anunciar uma ampliação do programa espacial russo.
“A Rússia não deveria se limitar ao papel de transportador espacial internacional. Precisamos aumentar nossa presença no mercado global voltado ao espaço”, disse.
EMERGENTES
Mas, se para EUA e Rússia o programa espacial não tem mais a mesma importância da Guerra Fria, o interesse cresce nos emergentes.
Em 2003, a China tornou-se o terceiro país a levar um homem ao espaço usando meios próprios. O taikonauta –como é chamado o astronauta chinês– Yang Liwei passou 21 horas na órbita da Terra. O país planeja levar um chinês à Lua até 2020.
Também na Ásia, a Índia tem anunciado planos de exploração espacial tripulada.
Fonte: Folha Online
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