Expira nesta quarta (13) o prazo para que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) apresente sua defesa à Corregedoria da Câmara. Acusado de racismo, ele informou que irá cumprir o prazo.

Disse que decidiu arrolar como testemunha de defesa o grão-petê José Dirceu, ex-chefão da Casa Civil. Por que Dirceu? Bolsonaro içou do baú uma notícia veiculada pela ‘Folha’ há 18 anos, em 1993.

Para provar que os deputados assinavam projetos de lei sem ler, o jornal recolheu apoiamentos a uma proposição falsa e de teor esdrúxulo. A proposta previa a volta do Brasil à condição de colônia de Portugal e o restabelecimento da escravidão no país.

Mais de cinco dezenas de deputados acomodaram o jamegão no projeto. Entre eles o então deputado federal José Dirceu. “Esses que assinaram tal proposta se equivocaram ou são racistas?”, indaga Bolsonaro. “Quando outros erram é humano, quando eu erro é racismo?”

Bolsonaro foi à berlinda, seu habitat natural, depois de uma resposta atravessada que deu à cantora Preta Gil no programa CQC, da TV Bandeirantes. A filha de Gilberto Gil perguntou o que ele faria se um filho se apaixonasse por uma negra. E Bolsonaro:

“Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”.

Depois, levado às manchetes em posição constrangedora, Bolsonaro alegou que entedera errado a pergunta. Pensou, segundo disse, que Preta Gil o houvesse questionado sobre a hipótese de um de seus filhos se apaixonar por um gay, não por uma negra.

Além de Dirceu, Bolsonaro disse que pode incluir no rol de testemunhas outros deputados e ex-deputados que assinaram o projeto fantasioso de 1993. Na elaboração da defesa, ele dispensou o auxílio de advogados. Bolsonaro cuida, ele próprio, da peça. Auxilia-o apenas o chefe de gabinete.

“A pessoa que procura um excelente advogado é porque tem culpa no cartório”, afirmou. Nesta terça (12), véspera da apresentação da defesa, Bolsonaro voltou a protagonizar um rififi no plenário da Câmara.

Ocupava a tribuna o deputado Pastor Marco Feliciano (DEM-SP). Discorria sobre a obrigatoriedade de ensino religioso nas escolas. Estabeleceu-se um debate sobre a condição do Brasil, um Estado laico.

Súbito, pendurado ao microfone de apartes, Bolsonaro injetou no lero-lero uma crítica à “cartilha gay” que, segundo ele, o MEC distribui nas escolas. Presente à sessão, o deputado Luiz Alberto (PT-BA) tentou devolver o debate ao leito inicial, retomando a meada do ensino religioso.

Longe do microfone, Bolsonaro tentou interromper a fala do colega (foto abaixo). Luiz Alberto, que é negro, rodou a baiana: “Vossa Excelência se pronunciou, e eu não o interrompi. Vossa Excelência é um antidemocrata, violento, intolerante, racista…”

“…Esta Casa precisa tomar uma atitude em relação a Vossa Excelência, que quer se fazer de vítima nesta Casa, mas não vai sair como vítima”.

Fonte: Josias de Souza

 

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