O presidente de Cuba, Raúl Castro, defendeu neste sábado, durante a abertura do 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC), a limitação em dois mandatos de cinco anos em cargos políticos e de direção das empresas estatais “fundamentais”. Segundo Raúl, a proposta será levada à Convenção Nacional do partido, também anunciada neste sábado e marcada para o final de janeiro do ano que vem.
Em um duro discurso com mais de duas horas de duração, dirigido aos mil delegados participantes do Congresso, Raúl pregou o maior distanciamento entre partido e Estado e criticou o que qualificou de “alpinismo” partidário como instrumento de ascensão política e social.
O presidente qualificou como “uma vergonha” o processo de renovação dos quadros partidários que, segundo ele, promove a cargos importantes jovens sem qualificação política, que usam o partido apenas para galgar postos na máquina estatal.
“Apesar dos esforços para promover jovens a cargos principais as decisões nem sempre foram acertadas”, disse ele. “A militância não deve significar uma pré-condição para o exercício de cargos de direção no governo. Os novos líderes não surgem em escolas nem no alpinismo partidário. Eles nascem na base, junto aos seus companheiros de trabalho, exercendo seu ofício”, completou Raúl.
Segundo Raúl, a interferência excessiva do PCC, único partido da ilha, em questões de Estado é uma das causas do baixo desempenho da economia e também de erros no direcionamento do regime castrista ao longo dos últimos 50 anos. “O partido fica limitado com tarefas que não lhe dizem respeito”, afirmou.
Apesar da contundência das críticas, Raúl evitou atingir diretamente seu irmão e antecessor Fidel Castro. Segundo ele, a separação clara entre partido e estado foi definida pelo próprio Fidel no primeiro Congresso do PCC, em 1976, mas não foi implementado pelos seus dirigentes. Fidel, que oficialmente ainda ocupa o cargo de primeiro secretário do PCC, não compareceu à abertura do evento, o primeiro desde 1997 e que, além de discutir reformas sem precedentes na economia cubana, vai escolhes os novos dirigentes do partido.
Fonte: Último Segundo
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