Cotada para presidir o Partido Social Democrático (PSD), a senadora Kátia Abreu tem diante de si um desafio: transformar um aglomerado de políticos em um partido. A nova legenda atraiu parlamentares e chefes de Executivo das mais diversas matizes ideológicas, de olho na oportunidade de se lançarem a cargos públicos ainda mais vistosos.
Em entrevista ao site de VEJA, Kátia Abreu conta detalhes de sua saída do DEM, explica por que votou a favor do governo Dilma Rousseff, por um salário mínimo de 545 reais contra os 600 reais propostos pelos colegas de oposição, e afirma que os deputados e senadores do PSD terão liberdade para votar no Congresso como bem entenderem. “Não tem outro caminho. Teremos de aprender a tolerar o intolerável.”
Ainda assim, Kátia sente-se um quadro da oposição. “Não vou contribuir com Dilma, vou contribuir com o Brasil, o que pode, eventualmente, coincidir com ações dela”, explica. A seguir, os principais trechos da entrevista:
A ata de fundação do PSD foi assinada por políticos da base e da oposição, das mais diversas correntes políticas. Como fazer desse grupo um partido? Estamos num período conturbado, em que vamos precisar conviver com posições divergentes. Como vamos estabelecer uma regra única? Não tem como. Nós estamos aceitando pessoas da oposição e da base. Até 2014, vamos precisar de muita habilidade, muita tolerância. É um desafio e tanto. Quem é base vai votar na base, quem é oposição poderá votar com o governo ou não. É o meu caso por exemplo. Eu não quero fazer oposição como se fosse uma empresa de demolição.
A senhora vai passar a votar a favor do governo? Tenho meus princípios. Acredito na responsabilidade fiscal, na livre iniciativa, na redução de impostos, em investimentos em logística. Imagina que Dilma coloque em votação uma matéria que diz respeito ao controle fiscal. Só porque foi a Dilma eu vou votar contra? Vou trabalhar contra um princípio que é meu? Não, não vou. Se a ação dela coincidir com um princípio meu, vou apoiar.
Foi isso que norteou a decisão da senhora de votar a favor da proposta do governo de salário mínimo? Eu votei com o governo porque tenho pavor da inflação. Tudo o que eu puder contribuir para não ter inflação vou contribuir. Não é contribuir com a Dilma, é contribuir com o país, o que pode coincidir com ações dela. Então eu não aceito essa patrulha ideológica que fazem cada vez que voto com o governo. Eu não estou atrás de cargo, de renda, de emprego. Não estou fazendo negociata.
Uma eventual fusão com o PSB colocaria em risco o mandato de quem aderiu ao PSD. A fusão está descartada? Totalmente descartada. Um partido que está com 32 deputados no primeiro dia não precisa disso. Se nós tivéssemos ficado com dez ou doze deputados justificaria procurar uma fusão para fortalecer um pouco mais. Esse era o objetivo. Tanto que, se fosse fazer fusão com um partido de ideário diferente do meu, eu não sairia do DEM. Não saí do Democratas por nenhuma crise de princípios. Meu problema foi de relacionamento, com as pessoas. Então, os incomodados que se retirem.
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