O secretário-geral da Anistia Internacional, o indiano Salil Shetty, afirmou em entrevista ao iG que o País precisa estar pronto a “pôr sua própria casa em ordem” no que diz respeito a direitos humanos, se quiser ter assento permanente no Conselho de Segurança. “A pressão aumenta. Quem tem teto de vidro não deve atirar pedras.
“Na opinião do secretário-geral da entidade, que já foi responsável pelo acompanhamento das metas do Milênio da ONU, o Brasil desempenha um papel importante na região e no mundo e, por isso, a Anistia deve inaugurar em 2011 – ano de seu 50º aniversário – um escritório em São Paulo, depois de dez anos sem presença física no País.
A Anistia Internacional, uma das principais organizações de direitos humanos do mundo, pretende expandir a atuação no Brasil e nos países em desenvolvimento do sul. Quer fortalecer a ação da Anistia no “Sul-Global”, que inclui países em desenvolvimento, como Brasil e Índia, sua terra-natal, por exemplo.
Shetty elogia o Bolsa Família e a redução das desigualdades, mas afirma que o Brasil patina para transformar em realidade as leis e sofre com a violência policial e com um precário sistema prisional – áreas em que defende uma profunda reforma e treinamento. Ele defende a criação da Comissão da Verdade, embora a considere ainda um pouco “vaga” e a abertura dos arquivos da ditadura. “As feridas estão muito abertas, escancaradas.”
Para ele, porém, brasileiros pobres e árabes que protestam por democracia mostram que direitos humanos são “interdependentes e indivisíveis”. Em comum, o fato de não terem voz.
“As questões estão interligadas: as pessoas nas favelas não têm direitos sociais e econômicos básicos. E falamos sobre isso como se fosse algo em outro lugar: mas está acontecendo bem aqui! A pobreza está na raiz de muitos desses problemas. Na prática, basta ir a uma favela para entender o que isso significa.”
Fonte: IG
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