O PÔR-DO-SOL AO SOM DE RAVEL

Ó raio que desces flamejante

E avermelhas a água de teus servos

Enobreces – com teu ato – efêmeros viventes

Que, por tua causa, ofertam-te um bolero

E tu, diante de tamanha insolência

Despe-te de teus rituais – e cintilas –

Deixando passar, entre ti e o brilho dos olhares

A tua suave efervescência de mais um entardecer.

Brindas – com tua humilde paciência – simples mortais

Que te entregam – em sacrifícios – as hóstias de seus contemplares

E que renovam suas crenças – sob tuas bênçãos

Em apaixonadas juras de amor.

Despedes-te ao som do Bolero de Ravel

Que desliza sobre as águas banhadas pelo teu tapete cor de fogo

E ecoa em brados rítmicos – como a lançar labaredas

Em prenúncio do teu adeus diurno

E, já quando apenas o encarnado no céu se faz presente

Ainda sorris, quando de repente aparece – lá na outra ponta

Tua linda namorada chamada lua.

Por: Raimundo Antônio

 

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