As palavras são cuidadosamente cuidadas pelo escritor paraibano Ariano Suassuna em um ritual diário de dedicação a uma de suas maiores paixões: a literatura. Por dia são, em média, cinco horas de disciplina escrevendo a mais recente obra ainda gerida em segredos e prestes a ser entregue à editora. Mesmo sem enunciar o painel que se desdobra na nova produção, algumas pistas não devem passar despercebidas. Entre as viagens a trabalho, as aulas espetáculos e lazer, Ariano passou por mais de 130 cidades do interior do Brasil e tudo que ele vê e ouve, anota. “Como escritor eu ainda tenho muitos projetos para realizar”, contou durante entrevista em João Pessoa, na quinta-feira, dia 28, horas antes da aula espetáculo sobre estética durante a programação do Bancarte.

Nada escapa ao “olhar” do criador de Chicó e João Grilo e um dos maiores pensadores contemporâneos que tem se debruçado sobre a estética e suas implicações cotidianas e a relação com a indústria cultural. “As pessoas pensam que eu sou contra a cultura universal e eu seria um ingrato porque devo muito a Cervantes, Tostoi e Dostoievski. O que eu bato é contra a uniformização da cultura do gosto médio, da ditadura do consumo e do gosto que nos quer impor como modelo”, frisou.

Ariano Suassuna retoma a discussão sobre o gosto médio e estética quando é provocado a discutir a posição do secretário de Cultura, Chico César, em não firmar contratos com bandas do segmento “forró de plástico” e duplas sertanejas por dois motivos: as letras que propagam a pornografia e incitam a violência e por outro lado a falta de identidade com a cultura nordestina. “Eu, além de admirador de Chico César gosto muito dele e se não fosse por algum desses motivos gostaria pelo fato de ser de Catolé do Rocha, terra do meu pai. Sou um sujeito passional e, por isso, estou do lado de Chico César. É preciso lembrar que como secretário ele tem razão em criar condições para os verdadeiros artistas exercerem sua função. Ao não apoiar essas bandas, o Estado investe nos gruposque o povo não tem acesso”, reforçou.

Ao sair na defesa de Chico César, Ariano Suassuna faz uma distinção entre êxito e sucesso e mergulho na cultura paraibana para encontrar os exemplos do abismo existente entre as duas nomenclaturas que nas redes sociais ganharam o tom de “presta” ou “não presta”. “Qualquer banda dessas que exista tem mais sucesso do que um Augusto dos Anjos, Sivuca, Zé Ramalho e Chico César que conquistam êxito pela qualidade e verdade de suas obras. Inclusive, Chico obteve prestígio e sucesso quando se lançou lá fora. Mas, a Paraíba é um estado muito misterioso. De repente surge um poeta como Augusto dos Anjos, um romancista como José Lins do Rêgo ou um músico como Sivuca. Acho que a Paraíba nunca deu a importância a Sivuca. A Paraíba precisa soltar o nome de Sivuca no Brasil e reforçar o compositor Zé Ramalho e a grande intérprete que Elba Ramalho é”.critica.

Fonte: Catolé News

 

1 comentário

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    Edson Nunes Chicó
    1 de agosto de 2011 19:05

    Esta matéria é importante porque fala do Suassuma que criou o Chicó e o meu nome é Edson Nunes Chicó ou seja gostaria que se for possivel me informe como conseguirei entrar em contato com o escritor em questão pois quero falar-lhe a respeito deste nome Chicó.


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