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O Brasil começou o ano com o pé no acelerador, mas contido pela alta dos juros e pelo encarecimento do crédito, não avançou o sinal. Pelo contrário, nos primeiros três meses do governo de Dilma Rousseff, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,3% (5,3%, quando anualizado) em relação aos últimos três meses da era Lula. O sinal de responsabilidade veio justamente de onde se temia abusos: das famílias. O consumo dos lares aumentou 0,6%, o pior resultado desde o fim de 2008, auge da crise mundial. Ao mesmo tempo, o país ampliou a sua capacidade de produção, o que, mais à frente, ajudará o Banco Central a empurrar a inflação para o centro da meta, de 4,5%. Os investimentos saltaram 1,2%, o triplo do computado entre outubro e dezembro. Apesar das boas notícias, na próxima quarta-feira, o Comitê de Política Monetária anunciará um novo arrocho na atividade: a taxa básica de juros (Selic) passará de 12% para 12,25% ao ano.

O governo comemorou os resultados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de o consumo estar em desaceleração, o resultado global do PIB confirma uma acomodação gradual, como quer Dilma. Ela recomendou ao BC que ponha a inflação sob controle, mas sem comprometer o crescimento. Não à toa, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, vem dizendo que, somente no ano que vem, os índices de preços convergirão para o objetivo fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). “O que estamos vendo é o fim dos excessos, a começar pelas famílias, que, agora, estão adequando as compras ao orçamento doméstico”, disse a economista sênior do Royal Bank of Scotland, Zeina Latif.

Pelos dados do IBGE, com o crescimento de 1,3%, o Brasil registrou o terceiro melhor desempenho entre 15 nações que já divulgaram seus resultados. Ficou atrás apenas da Alemanha (1,5%) e da Coreia do Sul (1,4%) e muito à frente de gigantes como os Estados Unidos (0,4%), o Reino Unido (0,5%) e a Itália (0,1%). Os números do PIB vieram dentro das previsões do mercado, entre 1% e 1,7%. Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, a economia registrou expansão de 4,2%, também dentro das previsões dos especialistas, de 3,78% a 5,1%. Nos 12 meses terminados em março, o salto foi de 6,2% (ante os 7,5% computados até dezembro).

Os dados do IBGE sobre as riquezas do país – que até agora somam R$ 939,6 bilhões -, além de reforçar a posição do Brasil entre as maiores economias do mundo, mostram que, ao menos no primeiro trimestre, o país conseguiu crescer da maneira correta: baseado em investimento (formação bruta de capital fixo) e com as famílias gastando menos e poupando mais. “Com a alta da renda (5,9% frente a primeiro trimestre de 2010), as pessoas começam também a guardar mais”, disse Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria. Ela chamou a atenção para a revisão do PIB no quarto trimestre de 2010: de 0,7% para 0,8%.

 

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