João Maria Medeiros: “Tem político que se acha produto que o marketing resolve”

O publicitário e especialista em marketing político, João Maria Medeiros, fez uma análise para o blog sobre a política em vários âmbitos. Ele tem um vasto currículo e já foi professor da Universidade Potiguar (UNP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Como especialista em marketing político, atua em todo o Brasil, tendo realizado inúmeras campanhas vitoriosas, como a do senador e ministro Garibaldi Filho e a do ex-governador e atual senador pelo mato Grosso, Blairo Maggi, entre outras. Para 2012 ele já começou a ser sondado para várias campanhas. Trabalha com uma equipe fixa na sua agência de propaganda, a Eco Propaganda & Marketing e com equipe variada nos períodos de campanha eleitoral.

Sobre sua avaliação para a sucessão da prefeita Micarla de Sousa em 2012, João Maria acha uma precipitação deflagrar o processo sucessório, faltando ainda um ano para o início das campanhas. “Essa precipitação é danosa à cidade”, disse o publicitário. “Trazer antecipação tão grande do momento eleitoral é um desejo dos políticos que as editorias políticas adoram”, sorriu.

“Nos últimos dois anos não se discute Natal. Não existe o debate pleno de projetos, o que, aliás, é um problema do Rio Grande do Norte, que é latente”, reclamou Medeiros. “É palpável a falta de preocupação com projetos concretos para a melhoria da qualidade de vida dos norteriograndenses. Os exemplos estão ai: o trânsito caótico, a saúde, a educação, etc.” Relacionou.

Para o publicitário as coisas são discutidas de forma superficial. “Não existe uma discussão profunda. “Em 2008 eu estava fazendo uma campanha no Mato Grosso e minha equipe ficou dividida entre Natal e outras cidades, mas sei que os candidatos foram escolhidos nos gabinetes, nos bastidores”, criticou Medeiros. “E, como as escolhas são feitas sem base em projetos, quem paga a precipitação é o povo, que depois não vê coerência entre o discurso e o mandato”, enfatizou. “É aquela coisa de ganhamos! E agora, o que fazer?” Brincou.

O fato, na visão do especialista, é que se passou a dar ao marketing uma importância maior do que as propostas de governos. “Tem político que se acha produto que o marketing resolve. Mas, não é assim, o candidato tem que ser bom, pensar e ter idéias” ensinou. “Muitos que ingressam na política são imagéticos. Vitoriosos enfrentam a falta de um planejamento que não existe”, completou.

Sobre os profissionais do marketing político do estado, João Maria Medeiros é enfático: “O marketing político do Rio Grande do Norte é de excelente qualidade. Nós exportamos profissionais para todo o Brasil”, revelou.

Analisando o governo da presidente Dilma Rousseff, Medeiros acentuou três pontos fundamentais a serem avaliados. “Ela vem acertando. Trata-se de um governo de continuidade, faltando apenas ela impor sua marca. Peca no campo político por estar muito presente no governo Lula. É o mesmo grupo, há muito tempo no poder. As pessoas se acomodam e passam a achar que o poder é um feudo”, avaliou, acrescentando que também é muito presente a cultura do jeitinho, que é muito forte no governo de Dilma.

Sobre o Congresso Nacional, Medeiros diz que ele sempre será refém do poder executivo. “Sempre foi, por causa da estrutura de poder do Brasil, com raros momentos de independência”, concluiu.

 

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