O crescimento da nova classe média impõe uma série de desafios para o desenvolvimento do país, segundo avaliação de especialistas que participaram nesta segunda-feira (8) do seminário Políticas Públicas para a Nova Classe Média. De acordo com o diretor de Assuntos Internacionais e Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira, os padrões de consumo da nova classe média acabam provocando pressões econômicas de diversas naturezas.

“Um dos grandes desafios que temos de enfrentar é dar sustentabilidade a esse desenvolvimento. O nosso modelo de desenvolvimento é mais equilibrado e mostra que não somos excessivamente dependentes de uma conjuntura internacional”, disse Pereira.

Uma das principais preocupações do governo é com a oferta de crédito no mercado, que pode levar ao endividamento das famílias. Para o diretor do BC, é necessário que as pessoas tenham prudência e moderação na hora de lidar com os gastos. “É preciso ter educação financeira”.

Segundo o vice-presidente do banco Itaú-Unibanco, Marcos Lisboa, o país precisa melhorar o marco constitucional do investimento em infraestrutura para continuar se desenvolvendo. Segundo ele, a redução dos custos de infraestrutura, com melhoria de estradas e portos, além da ampliação do acesso à energia, vira benefício para todo o setor produtivo, aumentando a capacidade de crescimento no futuro. “Esse crescimento deve continuar e a classe média é o resultado desse crescimento.”

Para o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP) André Portela, o ciclo virtuoso brasileiro é fruto do crescimento econômico. Ele disse que o grande desafio do país está em como manter esse crescimento sem esbarrar em restrições. “É preciso criar novas instituições no século 21 capazes de lidar com essas situações [surgimento da nova classe média].

Durante o seminário, também foi abordada a criação de políticas públicas para a nova classe média. Segundo o subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Ricardo Paes de Barros, nos últimos dez anos muitas mudanças ocorreram, principalmente na área social. Ele acredita que o aumento do número de trabalhadores formais foi essencial para o crescimento da classe média. “O Brasil saiu de 8 milhões para 24 milhões de trabalhadores formais. É preciso aperfeiçoar o seguro-desemprego e reduzir a rotatividade da força de trabalho.”

 

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