A vacina em gotas contra a poliomielite será substituída pela forma injetável. Segundo o Ministério da Saúde, a mudança da versão oral da vacina pela aplicação intramuscular contra a paralisia infantil será feita a partir de um estudo a ser elaborado pelo Programa Nacional de Imunizações, ainda sem previsão de data, pois depende da erradicação da doença no mundo. Assim, as crianças brasileiras não precisam, por enquanto, dar adeus ao personagem Zé Gotinha.

O objetivo da substituição da Sabin, a versão em gotinha, pelo tipo Salk, injetável, é reduzir o risco de infecção por pólio vacinal, já que a dose oral contém o vírus atenuado, enquanto a injetável possui o vírus morto.

Segundo o pediatra Eitan Berezin, presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, a substituição da vacina em gotinha pela injetável é uma tendência e já foi feita em vários países.

– A vacina em gota mantém uma pequena circulação de vírus no país. O vírus da poliomelite atenuado pode ser problemático para pessoas imunodeficientes, pela possibilidade de contaminação. A Sociedade Brasileira de Pediatria também acredita que a versão injetável é a melhor opção.

Para Berezin, o Brasil ainda não adotou a mudança devido à eficiência da versão em gota e do sucesso da campanha nacional, cujo principal ícone é o Zé Gotinha.

– As campanhas nacionais proporcionaram uma cobertura mais ampla de vacinação. E, de fato, a gotinha foi a responsável pela erradicação da doença no país.

A orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a troca seja feita somente quando não houver mais casos do vírus em nenhum país. Atualmente, a poliomielite ainda está presente em 26 países, sendo em cinco deles de forma endêmica. Dr. Berezin, entretanto, afirma que não há relação entre a erradicação da doença no mundo com a adoção da injeção.

– A mudança não depende da erradicação. O que deve estar acontecendo é o governo estar estudando como vai fazer essa substituição, verificando custos, por exemplo. Possivelmente, a injeção sairá mais cara para o governo do que a gotinha.

De acordo com o Ministério da Saúde, o estudo sobre a nova versão ainda está em andamento e envolve vários especialistas. Critérios como tecnologia, custos e impactos epidemiológico, imunológico e logístico estão sendo avaliados. Além disso, a mudança depende da capacidade produtiva dos laboratórios e da capacitação de profissionais.

Fonte: O Globo

 

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