Na noite de 8 de dezembro de 2009, o Hotel Copacabana Palace,na capital carioca, foi o local de entrega do Prêmio Esso de Jornalismo 2009.Na ocasião , os grandes vencedores foram os jornalistas Fabiana Moraes e Schneider Carpegiani, do clássico Jornal do Commércio, de Recife. A série de matérias que a dupla produziu sobre os caminhos do novo Sertão Nordestino, elaborado em razão dos 100 anos da morte do escritor Euclides da Cunha ,autor do livro “Os Sertões”, é uma boa janela para quem ainda o interior como lugar sem mudanças

Nas reportagens, a dupla percorreu um Nordeste em transformação constante,mais ainda muito ligado a velhas tradições.Descobriram dos sertões da Bahia ao Ceará um mundo onde convivem vaqueiros e piratas de cd e dvd, beatos e travestis,violeiros antigos e cabeludos cantores de forró eletrônico,traficantes de drogas e donas-de-casa como suas cadeiras na calçada.

Nessa viagem ,os repórteres exibiram para os leitores uma região modificada,ainda muito sofrida com as secas que devastam, mas agora amargando o mal das cidades grandes,o mal das drogas e da prostituição desenfreada.Um mundo que tem nos postos de gasolina,nas madrugadas frias,os elementos desse enredo moderno: crianças se vendendo por tostões e caminhoneiros entorpecidos pela cocaina.Nos pequenos municípios, a observação de uma juventude preocupada com festas,namoros e o consumismo acima de tudo.Cidades que vivem de subempregos e sonhos imediatistas.No meio disso tudo,prefeitos desfilando carrões 4×4 e visitando os seus eleitores somente nas grandes festas.

O escritor cearense Ronaldo Correia de Brito é o autor do livro Galiléia,que foi publicado em 2008, e que trata em suas páginas sobre esse novo Sertão.Em um dos capítulos do livro ele escreveu: ” Cidades pobres,iguais em tudo,nas igrejas,nas praças,num boteco aberto às moscas.No posto rodoviário,um guarda federal espera a oportunidade de arrancar dinheiro de um motorista infrator.Mulher em motocicleta carrega uma velha na garupa e tange 3 vacas magras.Dois mitos se desfazem diante dos meus olhos,num só instante: o vaqueiro macho,encourado,e o cavalo das histórias de heróis,quando se puxavam bois pelo rabo”.Será que Euclides da Cunha sonhou com esse sertão multifacetado ? Fica a pergunta no ar.

Fonte: Artigo do escritor Paulo Correia

 

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