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Para as mulheres, a vida pode começar (de novo) aos 50. A medicina estética e hábitos mais saudáveis permitem que elas entrem na terceira idade longe de doenças incapacitantes e mais distantes ainda da imagem de vovozinha, às voltas com os netos, cabelos brancos, bolos no forno e agulhas de tricô. O contraponto é que a luta contra os sinais do tempo começam cada vez mais cedo. “A ideia de envelhecer bem é adiar ao máximo esse envelhecimento. , afirma a pesquisadora Joana de Vilhena Novaes, que estuda as doenças da beleza.
As novas tecnologias aliadas à medicina estética levam a resultados impensáveis. Quem imaginaria nas gerações anteriores uma diva com a beleza e vitalidade de Madonna pulando e cantando num palco, na casa dos 50 anos? “Hoje as mulheres de 50 parecem ter 40, 30 anos. É o resultado da cosmetologia moderna, com o ideal estético de um corpo liso, sem pelos, sem rugas, sem celulite, manchas, ou seja, sem nenhum sinal de envelhecimento”, afirma Joana. “Existe uma obsessão por superfícies lisas.”
Em paz com a idade
Essa idolatria da juventude traz problemas quando os recursos e tempo investidos para esse fim são superdimensionados. “De um lado, a infância está erotizada. Meninas desde cedo ingressam no ritual de beleza, que estavam no âmbito da brincadeira e viraram parte do consumo. Por outro, no quesito vestuário, os manequins diminuem acintosamente e a moda se torna muito jovem, decotada, curta, feita para lolitas”, diz a pesquisadora.
De quebra, com a possibilidade de controlar o momento da maternidade, a imagem da mulher se dissocia da de mãe. “Isso altera a relação com o envelhecimento. Ser mãe não justifica mais a aceitação do envelhecimento, já que as marcas podem ser apagadas”, afirma. Joana cita o exemplo da gravidez das celebridades, que voltam a exibir um corpo malhado e em forma pouquíssimo tempo após o parto.
O desafio é estabelecer uma relação em paz com o envelhecimento, que permita desfrutar melhor cada década sem autotortura desde cedo. “A sociedade é muito mais condescendente com a feiúra e o desleixo masculino”, afirma Joana. “A mulher desleixada é vista como alguém que tem um problema de caráter, considerada menos mulher. Homem é avaliado sob outras insígnias, como poder e sucesso profissional.” A pesquisadora comemora o fato de que, por outro lado, a mulher não passa mais por uma morte simbólica para a sociedade ao ser mãe, como se já tivesse cumprido sua função. “Tem coisas positivas no culto ao corpo, como essa grande autoestima. Cada momento histórico tem seu paradigma social: o nosso é esse.”
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