Gilberto Dimenstein
A novidade da comemoração da Independência foi a mobilização pelas redes sociais de manifestações, em todo o país, contra a corrupção (o detalhamento está no www.catracalivre.com.br). Há um clima crescente de indignação. A corrupção piorou? Não. É o país que está mais consciente e com mais mecanismos de fiscalização.
Basta ver os poderes obtidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, além de todo acesso a informações, graças aos recursos da informática. Dados do orçamento são muitíssimo mais transparentes. Há muito menos estatais e bancos nas mãos do governo.
Veja a queda em série no governo de Dilma que, aliás, até aqui, tem demonstrado uma atitude exemplar, diferente de Lula. Estamos falando aqui de gente do primeiro escalão. A imprensa tem desempenhado um papel incansável. Pode até cometer erros eventuais, mas, em essência, o resultado é positivo. A população está mais informada.
Suspeito que o incômodo, no fundo, não seja só a corrupção. Mas a sensação de que pagamos muito imposto e recebemos muito pouco de volta. Ou seja, o dinheiro público é desperdiçado –o que é verdade.
A situação está longe de ser aceitável, mas não está piorando. Pelo contrário, graças à democracia, a independência dos corruptos diminuiu.
O PT tem todo o direito, como qualquer cidadão, de discutir os meios de comunicação. Todos os poderes devem ser fiscalizados e disciplinados. Mas quando eles lançam o debate logo depois de alguma denúncia, vai sempre ficar parecendo que, de verdade, o que querem não é mais transparência. Mas mais independência aos corruptos. (Folha)
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