Setembro chegou repleto de sinais preocupantes na economia. Basta ler as notícias desta terça-feira, 6 de setembro: inflação sobe em agosto e atinge 7,23% em doze meses, bem acima do teto da meta, que é de 6,5%; montadoras dão folga para reduzir estoque diante da queda nas vendas; LG demite 200 e fornecedores também falam em demissões.

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini já antevia, desde o primeiro semestre, que as tensões na economia estariam mais elevadas por volta de setembro. Pelos cálculos de sua equipe, seria a partir desse período que a economia brasileira passaria a sentir mais os efeitos das medidas adotadas desde o início do ano para frear a alta inflacionária, desacelerando o ritmo do nosso crescimento.

O início da desaceleração mais forte da economia iria coincidir com o pico da inflação neste ano. Tombini, mais de uma vez, repetiu em reuniões no Palácio do Planalto que o IPCA, o índice oficial da meta de inflação, chegaria a seu ponto máximo em agosto. Depois, cairia. Foi o que apontou o dado divulgado ontem pelo IBGE, que mostrou a inflação em 7,23% em doze meses, mas apontando para queda no futuro se o número mensal, de 0,37%, for anualizado, o que dá algo na casa dos 4,5%.

A novidade naquele cenário que Tombini vinha repetindo desde meados do primeiro semestre foi a piora acentuada na economia global. Certa ou errada em seus cálculos, a equipe do BC passou a digerir esses sinais preocupantes vindos de fora e tomou a decisão surpreendente de cortar os juros em 0,50 ponto percentual na semana passada.

Dentro do Palácio do Planalto, o discurso interno é que se a equipe econômica –Ministério da Fazenda e Banco Central– não reagisse ao novo cenário econômico global a velocidade de crescimento brasileiro cairia para a casa dos 3%, um número que não agrada nem um pouco a presidente Dilma Rousseff.

Dilma e seu ministro Guido Mantega (Fazenda) ainda sonham com um crescimento na casa dos 4% em 2011. Reservadamente, trabalham com um cenário de 3,7% a 3,8%. Os últimos sinais negativos que estão sendo emitidos lá fora e aqui dentro indicam, porém, que a previsão mais realista deve estar com o Banco Central, que vai reduzir sua previsão de crescimento neste ano para 3,5%.

Dentro do Banco Central, um assessor lembra que ninguém no BC está comemorando os últimos dados negativos, mas faz questão de destacar que eles estão em linha com a decisão de cortar os juros. A conferir. (Folha)

 

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