Numa das gravações da Operação “Pecado Capital”, deflagrada nesta manhã pelo Ministério Público, o advogado e ex-diretor do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Rio Grande do Norte (Ipem-RN), Rychardson de Macedo Bernardo, acusado de ser o “chefe” da “organização criminosa” que desviava recursos públicos do órgão, cita o nome do deputado estadual Gilson Moura (PV) como responsável pela indicação de 53 “colaboradores”, contratados através da empresa FF Empreendimentos LTDA, que recebiam diárias da autarquia estadual.
Entre os crimes investigados pelo MP estão o desvio de recursos públicos através de funcionários fantasmas, pagamento indiscriminado de diárias a funcionários terceirizados, fraudes em licitações, recebimento de propina oriunda de fiscalizações de fachada e criação de empresas para lavagem de dinheiro público.
No áudio, com duração de pouco mais de sete minutos, Rychardson conversa com o advogado Daniel Vale Bezerra, um dos cinco detidos na operação deflagrada pelo MP e pela Polícia Militar, sobre como o delegado responsável pelo inquérito, Matias Laurentino, adjunto da Deicot (Delegacia Especializada em Crimes Contra a Ordem Tributária), descobriu o esquema montado no Ipem.
“Ele [delegado] deve ter pego (sic) as diárias que a gente botava praquele povo lá. Eles tão achando que esse pessoal é da terceirizada, que não é. É da prestação de serviços. Aí tem aquele povo todinho que a gente botava. Tem muita gente de Gilson?”, questiona o ex-diretor do Ipem.
Daniel Vale responde que deve haver umas “500 pessoas”, mas em seguida diz que 500 é “exagero”. “Tem 53. Não, tem muita gente. Tem muita gente vagabunda. Ele [delegado] quer os dados todos. Tá pedindo CPF e os endereços. Só é dizer que não tem”, comenta o advogado.
Rychardson assumiu a direção-geral do Ipem em 2007, por indicação de Gilson Moura, na segunda gestão da ex-governadora Wilma de Faria (PSB). Ele ficou à frente do órgão até março de 2010, tendo sido exonerado do cargo poucos dias depois da posse do vice-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), que herdou a titularidade com a desincompatibilização de Wilma para concorrer ao Senado.
Rychardson é articulador das campanhas eleitorais de Gilson Moura desde 2006. De acordo com uma fonte que pediu para não ser identificada, ele fazia parte do “G1” do deputado estadual. A designação representa “o grau mais importante” na hierarquia dos colaboradores do parlamentar. “O G2 era formado pelos familiares dele [Gilson Moura]. Já o G3 eram as pessoas menos importantes”, contou a fonte.
”Temos que tirar esse bicho”
Incomodado com os rumos da investigação, Rychardson usa gírias para descrever o delegado, afirma que ele está “mexendo nesse negócio das diárias” e, por isso, teria que fazer alguma coisa para “tirar esse bicho [o delegado] daí [da Deicot]”.
O Ipem, segundo a acusação do Ministério Público, “teve suas estranhas corroídas ante a prática corrupta de agentes públicos vorazes pela obtenção de dinheiro fácil”. A “organização criminosa” era liderada pelo ex-diretor Rychardson de Macedo Bernardo, pelo empresário Rhandson Rosário de Macedo Bernardo, sócio e irmão do ex-diretor; pelo analista de sistemas Adriano Flávio Cardoso Nogueira; pelo engenheiro civil Aécio Aluízio Fernandes de Faria; e pelo advogado Daniel Vale Bezerra.
As investigações que resultaram na Operação “Pecado Capital” começaram em 2010, quando o MP, com base numa auditoria realizada no Ipem pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) detectou um “vasto rol de irregularidades no âmbito da referida autarquia estadual”.
O MP afirma que os cinco citados na petição “se associaram para desviar recursos públicos do IPEM-RN, das mais variadas formas”.
Fonte: Nominuto.com
alexandremagnus
Pr enormes, nteressante colocar alguma coisa. Sem citar nomes, são absurdos... Nem quem está próximo a ele sabe de onde vem tanto dinheiro (Gilson Moura) são construções enormes, muitos empreendimentos, carros de luxo, totalmente imcompatível com um salário de deputado.