Deu no NE 10
O poeta sueco Tomas Tranströmer foi agraciado nesta quinta-feira (6) com o Nobel de Literatura. Nascido em 1931, Tranströmer também é tradutor. A Academia Sueca afirmou em seu site que o poeta de 80 anos foi lembrado “porque, através de suas imagens condensadas, translúcidas, ele nos dá um novo acesso à realidade”. O escritor sucede o peruano Mario Vargas Llosa, ganhador da honraria no ano passado.
A mãe de Tranströmer, Helmi, era professora de uma escola e o pai, Gösta Tranströmer, um jornalista. O escritor cursou estudos em História da Literatura, Poética, História da Religião e Psicologia na Universidade de Estocolmo, adquirindo o título de bacharel em Artes, informa a academia em comunicado. Chegou a trabalhar como psicólogo em um instituto correcional para jovens.
A academia lembra no comunicado sobre o autor publicado no site da instituição que, em 1990, Tranströmer sofreu um derrame que o deixou com bastante dificuldade de falar.
Após veicular poemas em vários jornais, Tranströmer publicou em 1954 o livro “17 poemas”. Com suas seletas de poesias posteriores, foi consolidando o nome como um dos principais poetas da atualidade, aponta a academia em seu comunicado. A entidade destacou que a maior parte da poesia do sueco se caracteriza pela economia, pela concretude e por metáforas pungentes. O autor já foi traduzido em mais de sessenta línguas, e periodicamente elabora ele mesmo versões de seus poemas em outras línguas, lembrou a academia.
Veja a tradução de um dos seus poemas, traduzido pelo português Luís Costa.
LISBOA
No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas
subidas.
Havia duas prisões. Uma delas era para os gatunos.
Eles acenavam através das grades.
Eles gritavam. Eles queriam ser fotografados!
“Mas aqui”, dizia o revisor e ria baixinho, maliciosamente,
“aqui sentam-se os políticos”. Eu vi a fachada, a fachada, a fachada
e em cima, a uma janela, um homem,
com um binóculo à frente dos olhos, espreitando
para além do mar.
A roupa pendia no azul. Os muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma dama de Lisboa:
Isto é real, ou fui eu que sonhei?
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