Por Fernando Gabeira

É preciso voltar à história do meio ingresso para jovens, de 15 a 29 anos. É uma dessas generosidades que a política faz em ano pré eleitoral, sem que as consequências sejam discutidas.

Com 29 anos a pessoa já é adulta e possivelmente trabalhe para ganhar seus sustento. Comecei a fazer isto com 17 e a continuo até hoje.

Quando um grupo de teatro, que tem enormes dificuldades para colocar sua peça em cena, protesta contra o meio ingresso, os apelos caem no vazio.

Aliás, não foram poucos os diretores e atores que pediram o fim do meio ingresso, na esperança de melhorar sua dramática situação financeira.

Quando se trata da FIFA, o governo é obrigado a rever a concessão. Não pode ameaçar os lucros da entidade que são produzidos, principalmente, durante a Copa do Mundo.

Nada mais injusto. A proposta do Estatuto da Juventude vale para o frágil sistema de diversão no Brasil e é suspenso para a Copa do Mundo, período em que a poderosa FIFA, muitas vezes acusada de corrupção, vai faturar mihões de dólares.

Acabar com o meio ingresso agora, por causa da FIFA, é inoportuno, embora o tema possa ser discutido adiante.

Aceitar o meio ingresso para jovens de 15 a 29 anos pode ameaçar a estabilidade da indústria de espetáculos no Brasil.

Uma terceira hipótese é deixar a discussão do tema para os estados em que haverá jogos da Copa. Cada estado brasileiro teria sua definição.

Mas é evidente que esse conflito agora tem um fundo eleitoral. Aos deputados interessa votar algo que agrade à juventude. Ao governo interessa fazer algo que agrade à FIFA, pois a Copa é uma alavanca eleitoral para os altos dirigentes.

A saída proposta pelo prefeito Eduardo Paes contempla as duas partes. O meio ingresso continua de pé na Copa, valorizando a decisão dos deputados e o governo federal paga a conta, garantindo os lucros da FIFA.

E nós? Como sempre, pagamos a conta.

 

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