O Banco Central (BC) está testando o menor nível de juro real no Brasil desde que foi lançado o plano Real. A taxa real desconta a inflação esperada dos juros cobrados. Na média de outubro, o juro real caiu para 4,5%. Os juros prefixados de 360 dias entre grandes empresas e bancos ficaram em 10,5%. Deduzindo-se a expectativa de inflação do IPCA nos próximos 12 meses, de 5,7%, chega-se aos 4,5%.

Para o BC, a queda do juro real é compatível com a volta do IPCA para bem perto do centro da meta de inflação, de 4,5%, no final de 2012. A instituição conta com a desaceleração da economia pela alta anterior da Selic, a taxa básica de juros, pelas medidas macroprudenciais de contenção do crédito e pela política fiscal mais apertada.

Além disso, o BC vê um gradual processo de declínio da chamada “taxa neutra” de juros, que é o juro real que não estimula nem desestimula a demanda. Quanto menor a taxa neutra, mais baixa pode ser a Selic que mantém a inflação sob controle. “O juro neutro é importante, as pessoas têm de prestar mais atenção nisso”, diz uma fonte da equipe econômica.

No mercado, porém, há uma corrente bastante preocupada com a recente aceleração da queda do juro real. “Essa redução tem sido forçada, e é por isso que hoje temos uma combinação pior de inflação e crescimento“, diz o economista Fernando Rocha, sócio da gestora de recursos JGP, que prevê crescimento de apenas 2,5% em 2012, com inflação de 5,6%. “Não há mudança estrutural nos últimos anos que possa ter aberto o caminho para uma queda sustentável desta magnitude do juro real“, diz Silvio Campos, economista da consultoria Tendências. Um ex-diretor do BC observa que o atual nível do juro real está próximo, até um pouco abaixo, do recorde de baixa anterior, em 2009, quando havia uma clara política de estímulo à demanda.

 

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