Augusto Nunes
Depois de ter esvaziado parcialmente os cofres do Ministério do Trabalho, Carlos Lupi esvaziou de vez as gavetas do gabinete em que permaneceu homiziado por quase cinco anos. Só não consegue esvaziar o pote até aqui de mágoa. “Com vocês da imprensa agora eu só falo por meio de nota oficial”, rosnou o ex-jornaleiro para os jornalistas que tentaram ouvi-lo nesta segunda-feira. “Vocês já destilaram todo o seu ódio. Agora só por nota”. Dado o aviso, caminhou em direção à garagem do ministério ─ e à lata de lixo da história.
Não faz tanto tempo assim, meliantes surpreendidos na cena do crime saíam em desabalada carreira. Agora, capricham na pose de injustiçados e tratam com arrogância os que garantiram a supremacia da lei e da verdade. Se o Ministério Público e o Judiciário cumprirem seu dever, Lupi logo descobrirá que não é possível responder a interrogatórios com notas oficiais. O país que presta não está interessado em saber o que pensa o mentiroso compulsivo. Quer saber o que tem a dizer na delegacia e no tribunal. Delinquentes não concedem entrevistas. Prestam depoimentos. Não acusam. Defendem-se.
Cumpre à Justiça deixar claro que pedidos de demissão não anulam crimes nem anistiam culpados. A perda do emprego não pode impedir nem retardar ações penais. Ex-ministros precisam aprender que não existem condenados à perpétua impunidade. No Brasil Maravilha, sobram corruptos porque falta cadeia. (Veja)
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