A blindagem governista voltou a funcionar no Congresso. Os integrantes da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara rejeitaram nesta quarta-feira um pedido de convocação do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT). O requerimento mencionava as suspeitas sobre a atividade de consultoria exercida pelo ministro entre 2009 e 2010.

A atitude da base difere da adotada pelo grupo desde a queda de Antonio Palocci, ex-chefe da Casa Civil, em meio a uma situação muito semelhante a de Pimentel. Na época, em maio, a Presidência blindou Palocci.

Nos escândalos seguintes envolvendo ministros, Dilma orientou seus subordinados a se explicarem ao Parlamento. Era uma tentativa de diminuir a pressão sobre o governo. Assim, boa parte da agenda dos parlamentares em 2011 foi ocupada por depoimentos de ministros envolvidos com corrupção.

Com Pimentel, no entanto, o procedimento foi diferente. As lideranças do governo sustentam que não há crime nas atividades exercidas por Pimentel. O argumento é semelhante ao usado por Palocci, que não resistiu e abriu a temporada de demissões na Esplanada, em maio.

Denúncia – Reportagem de O Globo mostrou que a empresa de Pimentel e do sócio do petista, o atual assessor especial da prefeitura de Belo Horizonte, Otílio Prado, faturou 2 milhões de reais entre 2009 e 2010 em serviços de consultoria. Do total, 514 mil reais foram pagos pela Convap, uma empresa de engenharia que venceria, meses depois, duas licitações da prefeitura de Belo Horizonte, comandada por um aliado de Pimentel, Márcio Lacerda (PSB), no valor de 95,3 milhões de reais.

A empresa de Pimentel, a P-21, fechou ainda contrato no valor de 1 milhão de reais com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), em 2009, para consultoria econômica e em sustentabilidade. Outro contrato de Pimentel foi assinado com a QA Consulting, no valor de 400 mil reais, em fevereiro de 2011, para consultoria econômica.

Na edição desta quarta-feira, O Globo informa que o ex-sócio de Pimentel, Otílio Prado, continua na prefeitura de Belo Horizonte, em cargo de assessor especial do gabinete de Márcio Lacerda e com salário de 8,8 mil reais mensais.

 

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