A duas semanas das eleições gerais surgem os primeiros cenários para a Câmara dos Deputados. Pelo menos quatro projeções com as futuras bancadas já foram divulgadas: l) do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), 2) do professor David Fleischer, da UnB, 3) da consultoria Patri, e 4) da consultoria Arko Advice.

As projeções indicam que o PT, o PSDB, o PSB e o PCdoB crescem; o PMDB, o PDT, o PP, o PTB, o PPS e o PV sofrem pequenas oscilações para baixo ou para cima; e perdem o DEM e o PR.

As metodologias adotadas são distintas, para cada projeção, tanto na forma quanto no conteúdo.

Quanto à forma, o Diap e a Arko Advice optaram por um intervalo, com previsão de bancada máxima e mínima, em função das coligações e quociente eleitoral. Já o professor David Fleischer e a Patri resolveram cravar um número para a futura composição da Câmara por partido.

Sobre o conteúdo, o Diap considerou, basicamente, seis aspectos: 1) desempenho individual do candidato (perfil, vínculos políticos, econômicos e sociais, experiência política anterior e serviços prestados), 2) trajetória e popularidade do partido, com base nas últimas cinco eleições), 3) os recursos disponíveis (financeiros e humanos, como financiadores e militantes), 4) coligações e vinculação a candidatos majoritários (senador, governador e presidente), 5) apoio governamental (máquinas municipais, estaduais e federal), e 6) pesquisas eleitorais.

O professor David Fleischer utilizou um critério inovador e muito interessante. Ele fez suas projeções de bancadas com base no crescimento dos partidos nas eleições municipais. Para tanto, analisou o desempenho dos partidos nas eleições municipais de 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008 e comparou com seus respectivos resultados nas eleições proporcionais dos anos de 1994, 1998, 2002 e 2006 encontrando simetria plena entre os dois pleitos.

As projeções das consultorias políticas Patri e Arko Advice levaram em consideração, além da expertise de seus consultores, as pesquisas eleitorais, as estruturas de campanha dos partidos e dos principais candidatos à Câmara.

O estudo do Diap, além da previsão nacional dos partidos, também incluiu as bancadas por estado e os nomes dos candidatos com chance de eleição, que serão divulgados ainda no mês de setembro.

O deputado federal Henrique Alves(PMDB) só será presidente da Câmara caso o PMDB faça maior bancada de deputados.

A principal conclusão das projeções, caso se confirmem, é que a atual oposição, no conjunto, perde vagas em relação à situação. Isto significa que, num eventual governo Dilma, a base de apoio será ampliada na Câmara. Se, eventualmente, o eleito for José Serra, terá uma oposição com poder de veto em relação a propostas de emendas  à Constituição, já que excluídos os votos dos partidos de oposição, particularmente os de esquerda e centro-esquerda (PT, PSB, PDT, PCdoB e PSol) não reuniria 308 votos.

*Jornalista, analista político, diretor de Documentação do Diap e autor dos livros “Por dentro do processo decisório – como se fazem as leis” e “Por dentro do Governo – como funciona a máquina pública”.

PROJEÇÃO
DIAP
DAVID FLEISCHER
PATRI*
ARKO ADVICE
BANCADA ELEITA  2006
BANCADA ATUAL (3)
Partido
Min.
Max.
Min.
Max.
PT
85
110
98
94
90
105
83
79
PMDB
75
100
102
98
90
100
89
90
PSDB
55
70
58
68
55
70
66
59
DEM
38
53
48
48
40
50
65
56
PR (1)
23
40
21
32
35
42
25
41
PP
35
45
37
38
35
50
41
40
PSB
30
40
35
30
35
45
27
27
PTB
17
30
20
19
25
30
22
22
PDT
20
32
27
22
40
40
24
23
PSC
7
12
13
9
16
PV
10
15
14
18
25
13
14
PPS
15
20
14
10
10
18
22
15
PCdoB
12
18
12
15
20
13
12
PRB
3
8
6
1
7
Outros (PSOL, PTC, PMN, PHS, PTdoB, PAN, etc)
7
30
9
PTC – 3
PSOL – 3
PMN – 3
PHS – 2
PTdoB – 1
PAN (2) – 1
PTC – 2
PSOL – 3
PMN – 3
PHS – 3
PTdoB – 1
PAN (2) – 0
Fonte: Diap – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
*Atualizada em 16/09/2010
(1) – PRONA e PL se fundiram, formando o PR
(2) – Incorporado ao PTB
(3) – Considera apenas o titular ou suplente no exercício do mandato