Apesar das afirmações do Itamaraty de que trata a portas fechadas com Cuba a situação dos direitos humanos na ilha, um telegrama da diplomacia americana publicado pelo site WikiLeaks revela uma realidade diferente. Segundo os Estados Unidos, um diplomata brasileiro em Havana admitiu que a estratégia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi o de não levantar a questão nem em público nem em conversas privadas com autoridades cubanas.

O documento foi enviado pela Escritório de Interesses dos EUA em Havana, em 24 de novembro de 2009, para o Departamento de Estado. Ele relata como diversos países tratam Cuba em suas relações diplomáticas.

No caso do Brasil, o País estaria classificado como aqueles que adotam a posição de “melhores amigos para sempre”. Esse grupo, do qual o Brasil seria um “modelo”, é o dos que “não fazem nada e não dizem nada” sobre violações de liberdades básicas. “Um conselheiro político em Havana resumiu bem esse estilo: ‘Nós não levantamos assuntos relacionados a direitos humanos nem em público e nem de forma privada (com o governo de Havana)’”, afirmou o telegrama. Segundo a diplomacia americana, os países desse grupo não tratariam de “temas de direitos humanos nem mesmo se o governo de Cuba não fizesse objeções a isso”.

Em fevereiro de 2010, uma visita de Lula à Havana confirmaria esse padrão de comportamento. A viagem ocorreu exatamente no momento da morte do dissidente Orlando Zapata, após uma greve de fome de mais de dois meses. Lula evitou se pronunciar sobre o tema e coube a Raúl Castro acabar falando do assunto aos jornalistas, em companhia do brasileiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.