Entre as doenças sexualmente transmissíveis mais comuns entre idosos estão sífilis, clamídia e gonorreia; os novos casos de aids nesse grupo dobraram na última décadaEntre as doenças sexualmente transmissíveis mais comuns entre idosos estão sífilis, clamídia e gonorreia; os novos casos de aids nesse grupo dobraram na última década (Thinkstock)

O número de casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) entre pessoas acima dos 50 anos dobrou na última década. O dado alarmante acaba de ser publicado em um editorial do periódico médico Student BMJ. Entre as doenças que despontam na lista de transmissões citadas pelo estudo estão sífilis, clamídia e gonorreia.

Existem ainda poucas pesquisas sobre as razões por trás do aumento no número dessas doenças. Uma das hipóteses é a de que ela se deva às mudanças físicas — mulheres na menopausa são mais vulneráveis a uma DST. Além disso, alguns dados mostram que os homens que usam drogas contra a disfunção erétil têm mais chances de serem diagnosticados com uma DST no primeiro ano de uso do remédio.

No Brasil, o Ministério da Saúde não tem dados sobre o índice de transmissões das DSTs, porque a notificação não é obrigatória. A única doença a ter registro é a aids. Segundo dados do Boletim Epidemiológico Aids e DST/2011, feito pelo Ministério, o número de novos casos entre pessoas acima de 50 anos passou de 2.707, em 2000, para 5.521, em 2010 – um aumento de 103%.

De acordo com Jean Gorinshteyn, infectologista responsável pelo Ambulatório do Idoso do Hospital Emílio Ribas, esse aumento no número de casos pode estar sendo causado pela combinação de drogas para disfunção erétil e falta de costume do uso da camisinha. “Essas pessoas não estão acostumadas a usar camisinha, e quando a usavam era para evitar uma concepção indesejada, não uma DST”, diz.

Entre os idosos, os homens são as principais vítimas: no ambulatório coordenado por Gorinshteyn, 75% dos infectados são do sexo masculino. Dos cerca de 120 pacientes (entre homens e mulheres) atendidos no local, 90% têm entre 60 e 65 anos, 80% são heterossexuais e 78% são casados. “A mulher normalmente tem uma baixa na libido com a menopausa. Já o homem, com a existência de drogas contra a disfunção erétil, acaba, muitas vezes, prolongando sua vida sexual”, diz o especialista.(Veja)