O governo deve apresentar hoje uma proposta que reduzirá o ganho da caderneta da poupança. As mudanças na poupança, que foram discutidas ontem na reunião entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, visam permitir novos cortes nos juros no país. O objetivo de Dilma é que as taxas brasileiros caiam aos níveis de países desenvolvidos.

Segundo fonte do Planalto citada pelo site do jornal “Valor Econômico”, o aumento da popularidade da presidente criou condições políticas para que o governo mude as regras agora.

De acordo com os dados mais recentes do Banco Central, a poupança tinha em dezembro de 2011 quase 98 milhões de aplicadores. Metade tinha até R$ 100 na conta.

 Opções na mesa

 

A proposta, que terá de ser aprovada pelo Congresso para entrar em vigor, será decidida hoje após reuniões com aliados políticos, centrais sindicais e empresários.

Na mesa, há várias alternativas. Mas certo é que, pelas hipóteses em estudo, os poupadores não teriam mais assegurado o ganho atual, que é de 0,5% fixo ao mês (ou 6,17% ao ano) mais Taxa Referencial.

Entre as opções está a de atrelar o ganho da poupança a cerca de 80% da taxa básica de juros, a Selic. Acabar com os juros fixos e a TR e criar nove faixas de juros de remuneração, ou cobrar IR para saldos acima de R$ 50 mil, são outras opções.

 

Entenda por que o governo quer mexer no cálculo

Não é a primeira vez que o governo tenta mexer na caderneta. A última vez foi em 2009, quando a Selic (taxa básica de juros) chegou a 8,75% ao ano. Hoje, a Selic está em 9%. Em 2009, no governo Lula, surgiu a ideia de taxar com Imposto de Renda poupanças com mais de R$ 50 mil. Essa proposta foi altamente criticada e acabou engavetada.

As mudanças previstas na época e agora têm o mesmo objetivo: evitar que a poupança fique mais atraente do que fundos e títulos públicos, em meio a novas quedas de juros.

A caderneta compete com os títulos públicos pela poupança do brasileiro. A remuneração desses títulos é atrelada à Selic. Se a Selic cai para aquecer a economia, a remuneração desses investimentos tende a diminuir.

 

Nesse cenário, a poupança segue competitiva oferecendo, no mínimo, juros fixos de 0,5% ao mês. O problema é que o governo precisa captar recursos com a venda dos títulos. É assim que ele financia sua dívida sem emitir dinheiro (o que gera inflação).

 

Ou seja: se a poupança deixar de ter remuneração fixa, abrirá caminho para o Banco Central cortar mais os juros sem produzir inflação.