A direção nacional do PT quer obrigar seus líderes locais a desistir de candidaturas próprias em Duque de Caxias (RJ) e Mossoró (RN) para apoiar o PSB. O acordo serviria como moeda de troca para que os socialistas apoiem Fernando Haddad (PT) em São Paulo.

Petistas defendem que a direção do partido assuma a responsabilidade do acordo em ambos os municípios, retirando o poder de decisão dos diretórios locais. “Não é intervenção. Essas negociações são parte da tática nacional”, justifica o secretário de organização do PT, Paulo Frateschi.

Há cerca de um mês, o PT tenta convencer dirigentes estaduais e municipais a abrir mão de candidaturas próprias, a fim de garantir apoio do PSB a Haddad. O partido avançou, mas enfrentou resistência em Duque de Caxias e Mossoró – prioritários para os socialistas nas negociações.

Em Duque de Caxias, os petistas queriam lançar Dalva Lazaroni, que trocou o PV pelo PT com a perspectiva de disputar a prefeitura. Em conversas reservadas, integrantes da direção nacional dizem que Dalva não tem ligação orgânica com o partido e que sua candidatura seria dispensável.

Apesar das resistências locais, o objetivo dos dirigentes é apoiar o nome lançado pelo PSB, o secretário estadual de Ciência e Tecnologia do Rio, Alexandre Cardoso. Pelo acordo, o PT indicaria o vice. Petistas da cidade temem que o nome de Dalva também não seja aprovado para o posto.

Mossoró. O PT também enfrenta problemas com a candidatura do reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido, Josivan Barbosa, em Mossoró. Apesar de afirmar que não fará chantagem para se aliar a Haddad, o PSB exige que o PT apoie sua deputada estadual Larissa Rosado, que liderava pesquisas de intenção de voto no fim do ano passado. O PT potiguar não parece disposto.

Além da costura política em torno de Haddad, a direção nacional petista tem interesse extra em Mossoró: formar coligação com o PSB para tirar do DEM sua única prefeitura em cidades com mais de 150 mil eleitores. A partir de amanhã, o PT volta a oferecer cabeças de chapa ao PSB para fechar acordo em São Paulo. Dirigentes mais otimistas acreditam concluir negociações em até 15 dias.

O PT também está próximo de abrir mão das candidaturas em Macapá e Boa Vista. Se isso ocorrer, serão três as capitais em que o partido fará acordos com o PSB, incluindo Belo Horizonte.

Os petistas também cogitavam desistir de lançar nome próprio em Cuiabá, mas não houve acordo. O PSB insistia em ter a ex-senadora Serys Slhessarenko como vice, mas os líderes do PT não aceitaram seu nome.

Fonte: Estadão