Com a Rio+20, conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre desenvolvimento sustentável que começa nesta quarta, o Brasil reforça que convive, cada vez mais de perto, com desafios e oportunidades típicos de uma economia em plena transição e à procura de um modelo sustentável.

A face mais visível dessa etapa de mudanças aparece no mercado -não somente o brasileiro. Segundo dados recentes divulgados pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), metade da força de trabalho global -um exército de cerca de 1,5 bilhão de pessoas- será afetada pela economia verde.

Nas contas da Iniciativa Verde, ONG que reúne especialistas da ONU e da OIT, a passagem para uma economia sustentável pode gerar até 60 milhões de vagas no mercado mundial ao longo dos próximos 20 anos.

 BENEFICIADOS

Parte considerável das oportunidades surgirá em países de economias emergentes. Hoje, mais de 3 milhões de brasileiros têm empregos verdes, o equivalente a 7% do total de trabalhadores com carteira assinada no país. Cerca de 890 mil estão na área de biocombustíveis, no setor de energia renovável.

A OIT projeta que oito setores econômicos deverão ser os maiores beneficiados: agricultura, silvicultura, pesca, energia, indústria manufatureira, reciclagem, construção e transporte.Isso não significa que os chamados empregos verdes serão limitados a essa área.

No Brasil, segundo especialistas, as oportunidades estarão espalhadas por todos os ramos, inclusive o financeiro.

“Um dos grandes desafios do momento é integrar o relatório financeiro, hoje o principal indicador de saúde de uma empresa, ao de sustentabilidade”, afirma Mariana Grossi, presidente-executiva do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável).

Contabilistas, auditores, advogados e especialistas em relações com investidores puxam a fila entre as carreiras mais promissoras em um futuro que deve ser desenhado com menos impacto ambiental.

Outra figura cujo passe está valorizado nessa seara do emprego sustentável é o gestor ambiental. Um profissional da área ganha cerca de R$ 15 mil. Para se especializar, é preciso cursar uma pós-graduação.

“Essa é uma carreira com oportunidades para diversos profissionais, já que o gestor ambiental pode ser alguém com formações diversas, desde que esteja disposto a trabalhar com as demandas sustentáveis”, explica Sandra Quinteiro, consultora do Instituto EcoSocial.

Fonte: Folha de São Paulo