“Uma coisa é Lula, como aliado, aceitar a provocação e lançar Dilma à reeleição com quase dois anos de mandato a cumprir. Outra, completamente diferente, é Dilma, que é candidata natural, precipitar a campanha, comprometendo projetos e ações que poderiam fortalecer a economia”

A presidenta Dilma não pode embarcar na armadilha de antecipar o debate sucessório, como tem estimulado a mídia, mesmo tendo sido lançada sua reeleição pelo ex-presidente Lula. Precipitar o debate terá quádruplo significado: afugentar os investimentos, paralisar o governo, valorizar potenciais candidatos de oposição e demonstrar insegurança quanto aos resultados do governo.

A primeira consequência da precipitação do debate sobre a sucessão seria ampliar a desconfiança dos investimentos, além de elevar a insegurança de determinados setores de mercado, especialmente em relação à influência nesse processo do secretário do Tesouro.Se, por alguma razão, Dilma entregar uma média de crescimento inferior à de FHC, mesmo que consiga sustentar o consumo e os empregos, corre o risco ir para a reeleição enfraquecida. Afinal, jogaria por terra a fama de boa gestora, que lhe garantiu o mandato em 2010.

A segunda consequência da antecipação ou acirramento da disputa seria a paralisia do governo, que deixaria de formular, implementar e cobrar resultados das políticas públicas para responder aos ataques da oposição. (Congresso em Foco/Antônio de Queiroz)