• A retomada do caso do mensalão pelo STF (Supremo Tribunal Federal) prevista para meados de agosto deve ser pautada, segundo os ministros e advogados dos condenados, por entraves jurídicos e temores de eventuais manifestações na porta da Corte, em Brasília. Os entraves jurídicos ocorrerão, segundo os próprios magistrados, pelo fato de haver erros no acórdão do julgamento, decisão final publicada no Diário Oficial da Justiça que justificou a condenação de 25 dos 37 réus por integrarem um esquema de compra de apoio político no Congresso, com uso de verba pública, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já o medo de manifestações contra a impunidade, dizem nos bastidores os advogados, poderá frear possíveis reduções de penas por parte dos ministros. Na quinta-feira (1º), o presidente do tribunal e relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, anunciará a data de retorno do julgamento. A previsão inicial é que isso ocorra a partir do dia 14. Possivelmente, o tribunal fará sessões extras às segundas para acelerar a conclusão do caso, que entra agora em sua fase de recursos. Os condenados já ingressaram com os chamados embargos declaratórios, que apontam problemas no acórdão.
  • Impulsionado pelas declarações do papa Francisco sobre homossexuais, o padre Beto, excomungado em abril deste ano após declarações de apoio a gays, decidiu recorrer à Justiça para tentar anular sua exclusão da Igreja Católica. Roberto Francisco Daniel, 48, conhecido como padre Beto, contratou advogados e protocolou na segunda-feira uma medida cautelar contra a Diocese de Bauru (329 km de São Paulo). Questiona a forma como foi expulso da igreja, num tribunal em que, segundo ele, compareceu sem saber do que se tratava e sem direito à defesa. Ele estudava a possibilidade de ir à Justiça desde a época do excomunhão, mas diz que a postura do papa Francisco o estimulou ainda mais. No final de sua visita ao Brasil, o papa fez a mais ousada declaração de um pontífice sobre o homossexualismo.
  • A alta do dólar no exterior, onde os investidores buscaram segurança antes da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), estimulou a valorização da moeda norte-americana no Brasil nesta terça-feira, 30. A disputa entre os investidores comprados e vendidos para a determinação da Ptax, na quarta, 31, também influenciou os negócios. O Banco Central apenas observou o movimento, apesar de o dólar encerrar acima de R$ 2,28. A divisa dos EUA terminou o dia com alta de 0,53% no mercado de balcão, a R$ 2,2810 – maior patamar de fechamento desde 31 de março de 2009, quando marcou R$ 2,3180. Profissionais de câmbio disseram que, ao se aproximar de R$ 2,28, a moeda tornou-se atrativa para os exportadores, que decidiram internalizar recursos. Com isso, forçaram a desaceleração dos ganhos.
  • Dando uma pausa na agenda nacional para participar de inaugurações e vistorias de obras no interior do Estado, o governador Eduardo Campos (PSB) procurou, em entrevista às rádios locais, ontem, reforçar seu vínculo político com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao mesmo tempo em que manteve o discurso de “aliado-crítico” da presidente Dilma Rousseff (PT). Sem negar sua pretensão de concorrer à Presidência, em 2014, ele disse que Dilma sabe que o PSB tem “independência” e que, na última eleição de 2010, o partido só resolveu apoiar sua candidatura “a pedido de Lula”.
  • O PMDB chantageia Dilma. Ameaça se debandar da base, entregar os cargos e migrar para outro candidato a presidente em 2014. A convivência estressante entre o partido e o Governo chegou quase ao limite, ao ponto do PT mais radical tachar o vice-presidente Michel Temer de traidor e incentivador do litígio. Um dia após a presidente reafirmar que não reduz o número de Ministérios, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), apresentou projeto para limitar em 20 o número de pastas, hoje em 39. Com a volta dos trabalhos do Congresso na semana que vem, essa crise tende a se agravar, embora apareçam os naturais bombeiros para apagar o incêndio. Quem deve estar acompanhando de perto essa contenda e torcendo por desdobramentos catastróficos são os candidatos da oposição, especialmente o tucano Aécio Neves e o socialista Eduardo Campos. Ambos querem o apoio do PMDB, mesmo sabendo que se traduzirá num preço caro. Segundo maior partido com tempo de televisão na propaganda eleitoral, o PMDB daria a Eduardo, por exemplo, o tempo que ele sonha para viabilizar sua candidatura presidencial. Já Aécio, com o PMDB no seu balaio, passaria a contar com o maior tempo de televisão durante a campanha eleitoral, superando, inclusive, o tempo do PT. Por isso mesmo, a presidente Dilma tende a ceder às chantagens do PMDB, que na prática quer mais cargos, mais ministérios e poder para fatiar entre os seus caciques, exercitando, assim, o que aprendeu com tanto afinco nos últimos anos: a prática exacerbada do fisiologismo.