A peça “Auto da Aldeia do Guajiru, a Batalha de São Miguel”, foi encenada em Extremoz neste domingo, 29, às 20h30, Nas ruínas da mais antiga Igreja Jesuíta do Rio Grande do Norte, por cerca de 150 atores com texto e direção de Ricardo Veriano. Movido pela oração – os atores rezam conjuntamente antes de entrar em cena -, a 5ª edição do espetáculo emocionou os espectadores, que aplaudiram de pé a vitória de São Miguel Arcanjo contra o mal.

 

Aberta pelo prefeito Klauss Rêgo, a peça reviveu a realidade e a lenda da História de Extremoz em cenário mítico e começou com um cortejo ditirâmbico de recepção entre atores e platéia. Em seguida foi encenado o ato de Roma, do século XVI, que envia para as terras do Guajiru os soldados de Cristo da Companhia de Jesus. Depois veio a Ode a Lagoa de Extremoz, com o “Balé das Águas”. O cego Dedé do Araçá, sempre no palco, contava toda a História, material e imaterial do Guajiru, incluindo a catequização, depois vieram outros atos, como “Jesuítas e índios ‐ passatempo indígena”, “A dança e outros hábitos”, “Os negros escravos presentes no Guajiru”, “A expulsão dos Jesuítas soldados de Cristo”, “A lenda do carro de boi caído, ou o sino desaparecido e o português degredado como modelo social de família mambembe em Extremoz”, “O Coro do bem Ângelus versus Sombra do Mal Demus”, “A grande Batalha que submeteu a cobra da lagoa ao julgo de São Miguel e por fim “O céu acampado em Extremoz”, terminando com show pirotécnico.

O ambiente trouxe uma dosagem de realidade à cena da chegada dos jesuítas à Vila de Extremoz, assim como configura um cenário grandioso para as outras cenas, que contam o convívio entre índios, europeus e negros naqueles tempos coloniais.  O Auto da Aldeia do Guajiru, a Batalha de São Miguel é encenada desde setembro de 2009, sendo, ao longo do tempo, fruto de um processo contínuo de discussões coletivas públicas, estudos e outras ações conjuntas da cidade de Extremoz e seus distritos. A identidade cultural da cidade flui através do teatro e suas linguagens, recheadas de novas interpretações a favor ou contra a História oficial dos seus autores, os vencedores, que contaram a história corrente em detrimento dos seus atores: o índio, o português e o negro.