Por Carlos Newton

 

A sucessão da presidente Dilma Rousseff começou desde que ela foi eleita, em 2010, e vem transcorrendo de forma verdadeiramente sensacional. De início, ninguém tinha dúvida de que Lula seria candidato em 2014. Isso era o óbvio. Ele criara Dilma, a inventara como candidata-poste e a elegera, portanto seria de se esperar o reconhecimento dela, na hipótese de o ex-presidente pretender retornar ao Poder.

Mas Lula teve câncer, Dilma se animou, julgando que ele iria abandonar a política. No entanto, o ex-presidente se recuperou plenamente e está de volta ao jogo, contra a vontade dela. Mal se falam, são inimigos cordiais, já cancelaram até a série de viagens em campanha que fariam juntos pelo país, a pretexto de “comemorar os 10 anos de PT no governo”.

Agora, temos Lula e Dilma disputando a legenda do PT. Ao mesmo tempo, Aécio Neves e José Serra lutam pela candidatura via PSDB, com Serra já previamente apoiado pelo PPS. Temos ainda Marina Silva, dependendo do registro do partido (ou não, se entrar em outra legenda). Correndo por fora, o estreante Eduardo Campos, pelo PSB, e agora também aparece na chapa Ciro Gomes, que ameaça se filiar ao PDT para entrar no páreo. Só fica faltando Joaquim Barbosa, que tem até o dia 5 de abril de 2014 para se decidir.

1989 FOI DEMAIS

É uma sucessão realmente eletrizante, mas não chega a ser como a de 1989, que teve 22 candidatos a presidente e foi ganha por um novato, Fernando Collor, de um partido desconhecido, o PRN, que pela ordem de chegada derrotou Lula (PT), Brizola (PDT), Covas (PSDB), Maluf (PDS), Afif (PL), Ulysses (PMDB), Freire (PCB), Aureliano (PFL), Caiado (PSD), Camargo (PTB), Enéas (Prona), Marronzinho (PSP), Contijo (PP), Zamir (PCN), Lívia (PN), Mattar (PLP), Gabeira (PV), Brant (PMN), Pedreira (PPB), Horta (PDCdoB), e Corrêa (PMB).

Com dois detalhes: Jânio Quadros também ia ser candidato e desistiu por problemas de saúde; e Silvio Santos teve sua candidatura impugnada, quando ia concorrer pelo PMB.

Pois é, amigos, eleição funciona como corrida de cavalos. Na maior parte das vezes, os favoritos vencem. Mas de vez em quando um azarão ganha. Será que dessa vez acontece?