Por Carlos Newton

 

Todos devem lamentar a morte de Eduardo Campos, em plena campanha eleitoral. Sempre tive simpatia por ele, a quem conheci aqui no Rio de Janeiro, quando veio participar da cerimônia de filiação do economista Carlos Lessa ao PSB. Não se conhece nada que desabonasse sua vida pública, caso contrário o entrevistador/inquisidor William Bonner não teria perdido tempo criticando a nomeação da mãe de Eduardo, Ana Arraes, para o Tribunal de Contas da União, com apoio decisivo do filho.

Pois é, o grande erro na vida pública do ex-governador de Pernambuco parece ter sido a ajuda para que a própria mãe ganhasse um cargo público importante. Perto dos “malfeitos” dos outros políticos de renome, este ato impróprio do neto de Miguel Arraes pode até ser considerado sem a menor importância, até porque Ana Arraes não somente possui totais habilitações para exercer o cargo no TCU como também apresenta uma trajetória limpa, ao contrários de muitos ministros que já passaram pelo Tribunal, sem que os jornalistas fizessem a menor celeuma.

(Aqui, abrimos parênteses para falar de William Bonner. Toda vez que tem de entrevistar algum candidato, Bonner assume uma atitude caricata, transforma-se num ser rancoroso e apresenta-se como se estivéssemos em plena Inquisição. Só falta mandar o convidado subir num pau-de-arara para tomar uma dura…)

 

SUCESSÃO

 

É claro que a morte de Eduardo Campos (que hoje à noite, no Jornal Nacional, será chorada por um compungido William Bonner) vai ter o efeito de um tsunami na sucessão presidencial. Nenhuma pesquisa feita até agora está valendo. Pelo contrário, vamos atirar todas elas no lixo.

Marina Silva será candidata pelo PSB e só então as pesquisas voltarão a ter valor. Se repetir a façanha de 2010, e tem tudo para fazê-lo, pois agora poderá fazer uma campanha milionária, bancada por uma das herdeiras do grupo Itaú, que é sua principal patrocinadora política.

Lembrem-se de que, antes da união com o PSB de Campos, as pesquisa davam Marina em segundo lugar, com 20% das intenções de voto e bem à frente de Aécio Neves. E depois de firmada a aliança PSB/Rede, os votos de Marina não foram automaticamente transferidos para Campos. O certo, portanto, é que ninguém sabe aonde eles foram parar.

Com Marina de volta à disputa, as cartas estão sendo reembaralhadas e tudo indica que o segundo turno agora é inevitável. Mas não se pode prever se a disputa final será entre Dilma e Aécio ou Dilma e Marina. Pensem nisso e façam suas apostas.