Por Pedro do Coutto

 

Reportagem de Renato Onofre e Tiago Herdy, O Globo de segunda-feira 20, focalizou bem o clima que envolveu o debate entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, na noite de domingo na Rede Record. Foi marcado por um tom menos agressivo que o dos anteriores, na Bandeirantes e no SBT, provavelmente porque especialistas realizaram pesquisas junto aos que não decidiram em quem votar chegaram à conclusão que esse setor preocupa-se mais com a objetividade dentro de uma atmosfera civilizada. Tal atmosfera exige serenidade, pelo menos na postura, no tom de voz, na aparência enfim. Vamos esperar que se repita no confronto decisivo, esta semana na Globo.

O nível de audiência será muito alto, sem dúvida, abrindo uma oportunidade para que a discussão dos temas que, no fundo, mais motivam o eleitorado – saúde, segurança, saneamento, transporte, mercado de trabalho incluindo o nível de emprego, sejam abordados de forma concreta, com os candidatos citando os recursos necessários às melhorias que anunciam e sobretudo a forma de obtê-los.

Todos os investimentos exigem disponibilidade financeira, sem a qual transformam-se em fantasia. Promessas sem confirmação prática. E esta é essencial, tanto para evolução administrativa do país quanto para a conquista dos sufrágios pendentes e portanto vulneráveis aos melhores discursos e colocações. É natural que seja assim.

 

INDECISOS

 

Existem 12% de eleitores entre os que pretendem anular ou votar em branco (a metade) e os 6% que se encontram na fronteira da indecisão. Todos eles têm os seus motivos. No primeiro caso, por desencanto e descrédito para com a política. No segundo, pela dúvida.

Cabe a Dilma e Aécio, nesta reta final, abordarem logicamente as motivações que afastam as parcelas resistentes a deixarem as posições em que se encontram e optarem por uma candidatura. Um processo de sensibilização, ainda há tempo para isso. Assumindo compromissos concretos, incluindo as fontes de recursos, os candidatos, falando claro, vão contribuir para acordar os vacilantes e também para fortalecer a democracia, regime do voto e da liberdade, inclusive de escolha.

Se a oportunidade de escolher livremente for desperdiçada, os eleitores que não marcarem seus candidatos nas teclas das urnas, sem sentir, estão desperdiçando o direito de cobrar o cumprimento das promessas de campanha. Isso porque as promessas, como as palavras, o vento leva. Mas a legitimidade das reivindicações, das necessidades da população diante de tantas omissões permanece. Os eleitores precisam sentir que são também, através de seus votos, personagens das mudanças para melhor que todos desejamos implantar e que aconteçam de verdade.

Não fiquem apenas como bandeiras e capítulos de um confronto que se desenrola diante de 140 milhões de votantes. São 70% da população brasileira. Parcela das mais expressivas, percentual talvez único no mundo, É verdade que em outros países democráticos o voto não é obrigatório. Mas entre nós o dever se impõe. Coisas da política. Coisas da vida.